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Almacave Jovem: Natal solidário
Nesta época natalícia, é sempre bom relembrar que é tempo de reunir a família…. Mas é também tempo de sermos mais próximos daqueles que por diversos motivos não vivem este Natal. Começa aí o desafio, o de sermos capazes de ir ao encontro dos outros, partilhando com eles a alegria e fé naquele que vem anunciar o Amor. Para isso, basta chegar com um sorriso para que um coração “angustiado” se encha de felicidade e seja capaz de renascer na esperança da mensagem de Jesus. É neste sentido que o nosso grupo Almacave Jovem todos os anos, durante este período de férias, agenda visitas aos doentes da Paróquia, aos lares de idosos, ao CAT, Portas P’rà Vida, ao hospital de Lamego e ao Estabelecimento Prisional. Junto deles, cantamos, conversamos, fazemos uma breve oração e, com o Menino que transportamos como anúncio de que o Natal é sempre quando o homem quiser, sentimos a alegria e a emoção dos que olham para nós como portadores da Mensagem Do Natal. Foi neste contexto que partimos em Missão de Anúncio.
Decidimos então, por uns dias, deixar os nossos afazeres, dirigindo-nos até aos que mais precisavam de nós. Nem sempre é fácil quando nos deparamos com a realidade do que é por vezes o abandono, mas cabe-nos a nós mudar isso, nem que seja por um breve momento e sabemos que as lágrimas que vemos muitas vezes, são lágrimas de alegria, de agradecimento, de preenchimento de algo que estava esquecido: um coração com amor!
Quantas vezes é que tentamos pôr-nos no lugar do outro?
Não é difícil dedicarmos algum do nosso tempo a crianças que não vivem o Natal como muitas outras, com o aconchego das suas famílias. Não é difícil conversar um pouco com os idosos que estão nos lares e partilhar com eles um momento de oração. Não é difícil ir ao encontro dos reclusos que, fechados entre quatro paredes, apenas querem sentir o “abraço” do perdão e aceitação, que querem viver Jesus e mostram tanto entusiasmo e dedicação aquando a nossa chegada. É também tão gratificante quando nos dirigimos ao Portas P’rà Vida e passamos uma manhã a cantar, a dançar e conversar com pessoas tão cheias de felicidade! Pessoas que gostam de companhia, de abraços, que nos fazem olhar “para lá do que se vê” e ver a vida de uma outra perspetiva!
Para nós Almacave Jovem, o Natal antecipou-se e prolongou-se assim nas nossas vidas, fora do calendário convencional. Fomos em missão, mas sem dúvida que regressámos mais ricos com o que deles recebemos porque afinal de contas “é no dar que se recebe”.
Inês Gonçalves, Almacave Jovem,
in Voz de Lamego, ano 87/08, n.º 4393, 3 de janeiro de 2017
À conversa com o Padre José Fernando Mendes
O padre José Fernando Duarte Mendes, sacerdote do nosso presbitério e actual pároco da Paróquia de Penajóia, Arciprestado de Lamego, apresentou e defendeu, recentemente, a sua tese de doutoramento na área de Bioética, sob o título “Lares de Idosos – Perspectiva Bioética da Pastoral da Saúde”, tal como noticiado no nosso jornal de 20 de Setembro.
De que falamos quando referimos a Bioética?
Etimologicamente Bioética é constituída por duas palavras de origem grega, bios e ethos o que nos leva a dizer que se trata de uma ética da vida, isto é, uma reflexão filosófica sobre como devo agir diante das questões fundamentais da vida.
A reflexão Bioética surge como resposta à medicina experimental em seres humanos, com graves abusos de índole ética, nomeadamente os abusos tornados públicos conhecidos no final da II Guerra Mundial, muitos deles levados a cabo por uma mentalidade eugenésica defendida por cientistas nazis. A consciência de que era necessário proteger as pessoas humanas nas investigações científicas levou à realização do Relatório de Belmont, onde são consagrados os princípios éticos que deverão ser tidos em conta em todas as investigações biomédicas que envolvam seres humanos, e mais tarde amplamente desenvolvidos por Beauchamp e Childress (1979) que os consagram como os princípios da Bioética (autonomia, beneficência, não maleficência e justiça) .
Situamo-nos na perpetiva de uma Bioética personalista que “parte dos dados científicos, examina racionalmente a licitude da intervenção do homem no homem tendo como pólo de referência de reflexão ética a pessoa e o seu valor transcendente” (Sgreccia, 2009). Uma Bioética aberta ao diálogo e acolhedora de outros saberes como a antropologia, a psicologia, a medicina, a biologia, a política, a ecologia, a filosofia, a teologia e que não pode excluir da sua reflexão temas como o fim da medicina ou as questões da justiça, da vida, da saúde, o sentido da velhice, da dor e da morte. Dito de outro modo, uma Bioética que se inclina e reflete sobre a fragilidade, vulnerabilidade e finitude da vida humana e do planeta onde vivemos. Ler mais…