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Faleceu o Cónego Joaquim Mendes de Castro

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Mais conhecido em diversos meios eclesiásticos e civis por Doutor Mendes de Castro, faleceu no dia 21 de Dezembro, este ilustre membro do Clero Lamecense, que serviu a Diocese como Professor nos dois Seminários, e a sociedade civil como Professor no Colégio da Imaculada Conceição e Liceu de Lamego.

Tinha a bonita idade de noventa e seis anos, tendo nascido em 21 de Junho de 1920, na freguesia de Alvarenga, concelho de Arouca; passou parte da sua meninice em Moldes, no mesmo concelho, e estudou nos nossos Seminários; recebeu o presbiterado em 24 de Abril de 1943, tendo sido ordenado pelo Senhor D. Agostinho de Jesus e Sousa, na sua Capela no Paço Episcopal.

Na missão de ensino foi Professor na Universidade Católica (Lisboa), ele que tinha continuado a sua formação em Teologia na Universidade de Comilhas (Espanha) e em Ciências Bíblicas, no Instituto Bíblico de Roma. Em 1954 foi nomeado Cónego Capitular da Sé de Lamego, tendo feito o sermão no dia da entronização; era o dia 8 de Dezembro, marcado no meu curso do Seminário, pois foi o primeiro dia em que fomos admitidos a participar da Eucaristia no Coro da Catedral, já revestidos de batina e sobrepeliz.

Esta curiosidade mereceu uma palavra do alfaiate que nos fazia a batina, pois o mesmo trabalho era feito para o novo Cónego; e dizia o sr. Alberto, «ele vai parecer um Bispo».

Os anos iam passando, e nós olhávamos os Cónegos da Catedral como os grandes senhores no Sacerdócio, revestidos não apenas da sua batina mas também de outras vestes litúrgicas; entre eles, lá estava sempre o Cónego Mendes de Castro.

Como Professor no Seminário, privava com os seus alunos nas aulas, para onde se dirigia e de onde saía ao som da velha sineta, respeitado por todos, como acontecia com os outros Professores; ouvíamos a sua palavra na Semana dos Seminários, quando os vários Professores se dirigiam aos seminaristas, um em cada dia dessa semana.

Foi então que comecei a admirar o Dr. Mendes de Castro, como nós também o chamávamos; admirei-o por uma palavra que nos disse e nunca esqueci: «um bom Seminário deve ter uma boa Capela, uma boa Biblioteca e um bom Refeitório». Era o pão da alma, o alimento da cultura e a força do corpo, dessa maneira expresso pelo que, mais tarde, seria meu Professor.

Teologia Dogmática e Sagrada Escritura eram os frutos amadurecidos dos seus estudos, agora distribuídos aos seus alunos; e nenhum destes deixava de dar o seu bom testemunho do Professor, tão abalizado no seu saber, como compreensivo no trato com os alunos. Só precisávamos de bom ouvido e dedos ágeis; aquele para escutar a palavra do Mestre e estes para escrever o que ele dizia no seu ensino. Os livros comprados ficavam na carteira, permanecendo fechados tais quais os tínhamos adquirido; assim desenvolvia as teses de que, no exame, havíamos de dar conta; em Teologia não havia prova escrita e os alunos passavam pelos interrogatórios ou explanações orais a gosto dos Professores; incapaz de passar uma rasteira ao seu aluno, responder-lhe era um alívio consolador perante a rigidez de outros, cujo método era totalmente diferente e, às vezes, incapazes de ajudar.

Parti para a vida pastoral e paroquial; tive sempre o Doutor Mendes de Castro como um amigo, agora interessado pelo modo como decorria a nossa vida, quem eram os párocos nossos vizinhos e a sua palavra de análise a cada um era a palavra que se revelava como certa ao longo dos vários anos da nossa vida sacerdotal; era o mais interessado pela nossa vida, como tinha sido nos anos de Seminário.

Fica por dizer uma palavra sobre a sua colaboração para VOZ DE LAMEGO, palavra bem merecida como agradecida no momento; a outros foi pedida também uma palavra e esperamos por ela; é, agora, a nossa palavra amiga a quem nos ensinou a palavra e nos guiou no caminho da amizade. Resta-me pagá-la com o meu «obrigado» e a oração pela  recompensa que o Senhor teve para lhe dar.

P.e Armando Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 87/08, n.º 4393, 3 de janeiro de 2017

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