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Padre José Manuel Matias Sabença (1960 – 2016)

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Amor à Missão

No dia 14 de dezembro, com 56 anos de idade e 29 de sacerdócio, faleceu o Padre José Manuel Matias Sabença, natural de Penajóia, Lamego, e membro da Congregação dos Missionários do Espírito Santo. O funeral realizou-se na tarde do dia 16, na sua terra natal. Presidiu D. António Couto, acompanhado por D. Jacinto Botelho, Pe. Tony Neves, Provincial da mesma Congregação, cerca de cinco dezenas de sacerdotes, espiritanos e diocesanos, e muitas dezenas de familiares e amigos que encheram a igreja paroquial.

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Uma vida de serviço

O Padre José Manuel Sabença, conhecido na Penajóia como Pe. Zélito, era filho de José da Conceição Sabença (falecido há sete meses) e de Rosa Matias Sabença e nasceu a 10 de Outubro de 1960. Primeiro de seis filhos, entrou no Seminário da Congregação do Espírito Santo, em Godim, aos dez anos, continuando depois o seu percurso em outros casas espiritanas. Foi ordenado presbítero a 26 de Junho de 1987, no Fraião, Braga.

Depois estudou em Paris e preparou-se para partir para a África do Sul, onde trabalhou na cidade de Durban. Em 1997 foi eleito Assistente do Conselho Provincial e regressou a Portugal, assumindo a responsabilidade de Reitor do I Ciclo de Teologia, no Porto, na casa da Rua do Pinheiro Manso. Alguns anos depois, em 2003, foi eleito Superior Provincial da Congregação, função que exerceu durante três mandatos consecutivos (9 anos). Em 2013 foi eleito para o Conselho Geral da Congregação e partiu para Roma, onde a doença que o vitimou o veio a encontrar há cerca de sete meses.

Extraordinariamente, o Pe. Zélito viveu três mandatos como Provincial: nove anos a percorrer Portugal, a visitar confrades pelo mundo fora e a participar nos trabalhos gerais da Congregação.

Nas visitas que fazia, no país ou no estrangeiro, tinha sempre o cuidado de levar algo para partilhar, prova do carinho fraterno que nutria por todos. Quem não se lembra das cerejas e das uvas de Valclaro?

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Testemunha na dor

Há cerca de meio ano, por alturas da doença e falecimento do seu pai, queixa-se de uma dor persistente no ombro esquerdo. Após tratamentos ao que julgava ser uma luxação, um novo exame torna visível um mal maior. E começa a luta contra a doença, acompanhado e amparado por familiares e amigos.

Mas o terrível mal espalha-se por todo o corpo e em breve ficará retido na cama. Alguns dias hospitalizado, muitos dias acamado na casa do Pinheiro Manso, Porto, onde faleceu.

Conserva uma vontade enorme de viver, conforta familiares e amigos que o visitam, testemunha uma fé sem medos, motiva os que com ele se cruzam e acalenta a esperança no Senhor da Vida. Nunca uma palavra de dúvida ou de revolta diante da providência divina, mas sempre um aceitar sereno de uma cruz que não desejou, mas que também não rejeitou.

No hospital de S. João, no Dia Mundial das Missões, levaram a sua cama para poder concelebrar na Eucaristia dominical e nos dias dos seus anos presidiu à Eucaristia deitado no seu leito, oferecendo-se ao Senhor.

Consciente até ao fim, eram visíveis as marcas da doença, mas contínua a vontade de permanecer. E foi só algumas horas antes do falecimento que começou a falar do fim próximo, despedindo-se de quem com ele permanecera, quais Cireneus. Sabe que está a terminar a caminhada, mas, no olhar e nas palavras, a amizade de sempre.

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A família sempre presente

Ao longo desta via-sacra para o Pai, sem nunca rejeitar a cruz, é acompanhado de perto e de longe por muitos amigos, confrades e profissionais de saúde. Mas, sobretudo, é amparado pelos irmãos e pela mãe, D. Rosa.

A imagem da Senhora da Piedade, que as gentes de Valclaro veneram na capela que lhe é dedicada, esteve sempre presente nesta mãe que, nos últimos meses, logo após ter sepultado o marido, viveu voltada para o filho, sofrendo sem perceber e esperando por uma recuperação que nunca chegou.

Companheiro de viagem

Conheci o Pe Zélito há quinze anos, na Penajóia, onde nasceu e cresceu no lugar de Valclaro. Nessa altura estava no Porto, mas as vindas frequentes à terra e a sua disponibilidade para servir e ajudar tornaram-nos próximos.

Apaixonado pela missão, corria pelo Evangelho, percorrendo paróquias, regiões, países e continentes, ao serviço de quem distribuía as muitas capacidades recebidas, sempre com grande dinamismo e inteligência prática.

Um dia convidou-me para ir até Cabo Verde, à ilha de Santiago, para participar na ordenação sacerdotal do Pe. Saturnino. Depois apareceram outros convites e fui acompanhando o Provincial a alguns países, conhecendo outras gentes e testemunhando a missão dos padres espiritanos. Foi assim que estive no México, em Taiwan, na África do Sul e em Moçambique. Depois foi eleito Conselheiro geral e partiu para Roma, onde o encontrei em 2014, por alturas da canonização de S. João Paulo II.

Obrigado, Pe. Zélito, pelo testemunho crente que nos destes, pela vida preenchida que viveste e pela intercessão que por nós já começaste.

Pe. Joaquim Dionísio, in Voz de Lamego, ano 87/07, n.º 4392, 20 de dezembro de 2016

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