VIDA A CUMPRIR | Editorial Voz de Lamego | 2 de novembro de 2016
A abrir o Jornal Diocesano, a SEMANA DOS SEMINÁRIOS, de 6 a 13 de novembro de 2016. Outros temas estão bem vincados nesta edição da Voz de Lamego, como a Vista Pastoral de D. António Couto à Paróquia de São João Batista de Moimenta da Beira, a Vigília Missionária em Vila da Ponte, no passado dia 29 de outubro, ainda ecos do testemunho do Selecionador Nacional, Fernando Santos, na Paróquia da Mêda, no passado dia 21 de outubro. Outros dos temas bem vincados nesta edição a celebração de Todos os Santos e a comemoração dos Fiéis Defuntos. O Editorial do nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, debruça-se precisamente sobre esta comemoração dos fiéis defuntos e da forma como encaramos a morte.
VIDA A CUMPRIR
A comemoração de todos os fiéis defuntos recorda que a morte é uma realidade cuja assunção é necessária e possível, já que é uma passagem no seguimento de Cristo ressuscitado.
Para muitos, a morte continuará a ser a “grande questão”, um lugar de combate que provoca angústia, perturbação, revolta ou resignação. Daí que o medo que incute leve a civilização ocidental moderna a ocultá-la. Como reagir, orientar-se, comportar-se diante desta “humilhação” final da história pessoal?
Para o cristão, que não está imune à sensação de perda, a morte é o encontro definitivo com Cristo, o vencedor ressuscitado. Por isso recusa o desespero e entrega-se nas mãos do Senhor.
O nosso Deus é o Deus da vida e não um tirano que a subtrai, que a rouba ou que separa. Porque o amor não tira nem corta, mas concede, edifica, cumpre, vivifica… O Deus revelado por Jesus quer o homem vivo (St. Ireneu). “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10).
O crente sabe que está a caminho, “homo viator”, sustentado pela esperança, e Deus pede-lhe que percorra o seu caminho de forma consciente e responsável, aproveitando para crescer, para se relacionar, para se cumprir. A vida tem um sentido.
Como encarar, então, a morte?
A morte pode ser vista como meta num percurso cumprido e conseguido. E nunca será demais a atenção a prestar ao caminho para poder alegrar-se na meta: “Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel” (2 Tm 4, 7).
Deus criou a vida, que conhece o nascimento e a morte, um início e um cumprimento (vida cumprida, completa). Assim, o fim de uma vida, a morte, será simplesmente o seu cumprimento, porquanto a morte não é o contrário da vida, mas do nascimento.
in Voz de Lamego, ano 86/49, n.º 4385, 1 de novembro de 2016