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Doutoramento do Padre José Fernando Mendes
No dia 12 de Setembro de 2016, pelas 11 horas, o senhor padre José Fernando Duarte Mendes, pároco da Penajóia apresentou a sua Tese de doutoramento no INSTITUTO DE BIOÉTICA, Universidade Católica do Porto. A tese defendida teve como tema “LARES DE IDOSOS Perspectiva Bioética da Pastoral da Saúde”. Foi elaborada sob a orientação do Doutor P. António Jácomo e Monsenhor Vitor Feytor Pinto. Na defesa da tese estiveram presentes, para além da sua família, o Senhor Bispo de Lamego, D. António Couto, o senhor Bispo D. Jacinto, bispo emérito da mesma diocese, o senhor vigário geral, alguns sacerdotes, um número significativo de paroquianos e alguns amigos.
Fomos elucidados sobre diversos pontos de convergência da Pastoral da Saúde e da Bioética salientando e sublinhando que a pessoa idosa é digna de respeito e mercedora de atenção e preocupação por parte de todos os envolvidos procurando promover a saúde e a vida no seu todo. Família, instituições de solidariedade social e todos os seus colaboradores e a sociedade em geral não se devem nunca demitir da sua responsabilidade social de cuidar e defender a dignidade de cada pessoa, particularmente da pessoa idosa.
Falou-nos na necessidade de promover o respeito pela dimensão espiritual e religiosa da pessoa idosa, reforçando o papel Pastoral da Saúde na humanização, evangelização e sacramentalização. Deverá apostar-se numa Pastoral da Saúde que revele uma nova e saudável imagem da Igreja, não reduzindo a Pastoral da Saúde e a Bioética à terceira idade, mas projectando e abrindo caminhos para uma Pastoral mais abrangente e alargada.
Depois de uma brilhante apresentação do seu trabalho o doutorando brindou-nos com uma espécie de resumo do tema abordado recorrendo a uma citação do nosso querido papa Francisco no que concerne aos idosos: “ enquanto somos jovens, somos levados a ignorar a velhice, como se fosse uma enfermidade da qual nos devemos manter à distância; depois, quando envelhecemos experimentamos as lacunas de uma sociedade programada sobre a eficácia, que consequentemente ignora os idosos. Mas os idosos são uma riqueza, não podem ser ignorados!” (Francisco, 4 de março 2015)
Depois de ter respondido às questões colocadas pelos arguentes presentes na mesa os orientadores da tese deram também a sua opinião sobre o trabalho elogiando o tema escolhido e o seu desenvolvimento e elaboração final. Saímos do auditório enquanto o júri reuniu e passados dez minutos fomos chamados para ouvir o resultado da prestação de provas. O novo doutor obteve a excelente nota de 18 valores magna cum laude. Parabéns ao padre Doutor José Fernando Duarte Mendes pelo seu contributo para o desenvolvimento da ciência e da promoção da pessoa idosa.
Liliana Silva, in Voz de Lamego, ano 86/43, n.º 4379, 20 de setembro de 2016
Centenário do regresso dos Padres Franciscanos a Lamego
No próximo dia 4 de outubro, a Província Portuguesa da Ordem Franciscana vai celebrar em festa o Centenário do regresso dos Frades Franciscanos a Lamego, depois da República. A presença franciscana em Lamego remonta aos meados do século XIII, mais precisamente em 1256, ano em que as Irmãs Clarissas aqui se instalaram.
Em 1271 partiram para Santarém, dando lugar aos Frades Menores, que já viviam no Retiro de Fafel. A partir dessa data, até 1834, a Comunidade Franciscana, sacerdotes e leigos, foi crescendo, espalhando a semente do Evangelho por terras lamecenses, sempre vestidos de muita humildade. Com a chegada da República, os Frades foram expulsos do Convento e só puderam regressar em outubro de 1916.
Já passaram 100 anos, e é momento propício para fazer memória da vida e ação dos Franciscanos nesta zona nortenha de Portugal. Terá o seguinte Programa:
PROGRAMA | 4 de outubro
18h00 – Eucaristia Solene na igreja de S. Francisco, presidida pelo Bispo da Diocese D. António Couto.
19h00 – Visita ao antigo Convento de S. Francisco – Messe dos Sargentos – reservada às autoridades civis, religiosas e restantes convidados, seguindo-se o jantar-convívio e um breve testemunho proferido pelo insigne lamecense Fr. Isidro Pereira Lamelas, sobre a “Vida e Ação dos Franciscanos em Lamego”.
in Voz de Lamego, ano 86/43, n.º 4379, 20 de setembro de 2016
Curso de Direito Canónico: A REFORMA DO PROCESSO MATRIMONIAL
Com cerca de setenta participantes, realizou-se em Fátima, de 7 a 10 de Setembro de 2016, o Curso de Direito canónico A Reforma do Processo Matrimonial, organizado pela Associação Portuguesa de Canonistas (APC). Foi Coordenador do Curso o Pe. Dr. Manuel Joaquim da Rocha, Vigário judicial de Aveiro e Presidente da Direcção da APC.
No primeiro dia, as sessões estiveram a cargo do Prof. Federico Aznar, desde 1981 professor da Faculdade de Direito Canónico da Pontifícia Universidade de Salamanca. Este sacerdote foi professor de várias gerações de canonistas portugueses, pelo que a sua presença durante todo o Curso foi motivo de agradáveis reencontros e ocasião de trocas de impressões variadas e proveitosas.
Na conferência de abertura, o Prof. Aznar referiu-se aos recentes Sínodos dos Bispos sobre a Família e sua influência na reforma do processo matrimonial, protagonizada para a Igreja latina pelo motu proprio “Mitis Iudex Dominus Iesus” do Papa Francisco, de 15-VIII-2015.
As duas seguintes conferências versaram sobre um tema de direito penal canónico, O delito contra o sexto mandamento do Decálogo cometido por um clérigo contra um menor, primeiro os aspectos substantivos e depois os aspectos processuais.
A quarta conferência do Prof. Aznar tocou um tema que no nosso país parece afectar a vida das Misericórdias, Pessoas canónicas públicas e bens temporais.
O segundo dia foi dedicado ao estudo do citado motu proprio, que entrou em vigor em 8-XII-2015. Para este efeito, esteve no Curso Mons. Mário Rui Oliveira, actualmente chanceler do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Em duas sessões tratou, respectivamente, do Novo processo matrimonial canónico e da Reforma do processo matrimonial à luz dos princípios gerais do processo canónico.
O processo mais breve diante do Bispo foi o tema da exposição do Coordenador Pe. Manuel Joaquim da Rocha, enquanto o Pe. José Alfredo Patrício, Defensor do vínculo do Tribunal Interdiocesano de Vila Real abordou as Regras de procedimento nas causas de nulidade matrimonial.
Que impressões profundas podem ter deixado estas exposições no espírito dos participantes, entre os quais se contavam vigários judiciais e juízes eclesiásticos, professores de direito canónico e de direito civil, advogados civis e párocos e um Bispo?
Além do maior conhecimento das normas em vigor e das questões que traz a sua aplicação aos problemas que se pretende resolver acertadamente (aequitative), penso – salvo melhor opinião – que foram muito salutares para a compreensão do direito canónico, não como uma imposição abstracta do poder eclesiástico, mas como um instrumento necessário ao serviço da justiça na Igreja (aspecto pastoral). Daí que a formulação das suas normas, além de procederem da autoridade legítima, devam estar adequadas ao bem da Igreja no tempo e no espaço, para o que é importante a experiência pastoral da autoridade com os seus conselhos (quaedam rationis ordinatio ad bonum commune, ab eo qui curam communitatis habet, promulgata – S. Th., I-IIae, q. 90, a.4). Naturalmente, o direito canónico terá de estar sempre em sintonia com o direito divino (natural e revelado), para poder ser “uma norma racional ordenada ao bem comum”.
Em consequência, o direito canónico – quer as normas promulgadas, quer a sua aplicação aos casos concretos – é sempre perfectível, dependendo das situações reais da Igreja local no tempo. Para isso, requer-se um sentido apurado e prudente da pastoral, próprio dos pastores e dos agentes canonistas. Recorde-se que, para este efeito, os Bispos diocesanos têm a faculdade reconhecida pelo actual Código de dispensarem das leis disciplinares dadas para a Igreja universal (cân. 87).
Deste modo, respeitando sempre o direito divino (natural e revelado) e interpretando equitativamente o direito eclesiástico, a autoridade eclesiástica tem todos os meios para resolver acertadamente os problemas que surjam, sem se sentir limitada pelas normas existentes.
No último dia do Curso, foram tratados dois temas de alcance particular no nosso país: Centros Sociais e Paroquiais, pelo Cón. Álvaro Bizarro, Ecónomo do Patriarcado de Lisboa, e Misericórdias: aspectos jurídicos, pelo Cons. José Joaquim Almeida Lopes, juiz eclesiástico do Porto e Vice-Presidente da APC. Ambas as exposições foram seguidas com muito interesse, pois de alguma maneira afectavam a muitos participantes.
Todas as sessões foram muito concorridas, mesmo as do último dia. De salientar a excelente organização do Secretário do Curso, Pe. Daniel Rodrigues, coadjuvado por Maria Benvinda Palma Rios.
Como já é habitual, foi animadora a presença de três canonistas do Brasil e dois de Angola.
A Associação Portuguesa de Canonistas, fundada em 23 de Fevereiro de 1990, contava no final de 2015 com 187 sócios, entre canonistas, juristas civis e pessoas de outra formação. O endereço electrónico da APC é info@apcanonistas.org e a sua página na Internet é http://www. apcanonistas.org.
Miguel Falcão, in Voz de Lamego, ano 86/43, n.º 4379, 20 de setembro de 2016