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Archive for 18/09/2016

Terminaram as Festas da Cidade | Lamego 2016

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A cidade verde engalanou-se das mais diversas cores para festejar a sua Padroeira, Nossa Senhora dos Remédios. Entre os dias 25 de agosto e 09 de Setembro, um programa diversificado proporcionou momentos de encontro, de fé, de alegria e diversão. Afinal, a festa faz parte da vida e festejar é próprio do ser humano.

Com maior ou menor criatividade, mais ou menos ruas iluminadas, maior ou menor orçamento, mais ou menos trânsito, a meio ou no final da semana, com mais ou menos gente, as festas decorrem nos espaços habituais e contemplam momentos religiosos, culturais, recreativos e desportivos. O som dos grupos musicais e das bandas, o troar dos foguetes, os sons dos vendedores ambulantes, os grupos folclóricos e as concertinas, as conversas animadas e o riso contagiante, etc, animaram todos quantos aqui residem ou por aqui passaram vindos das mais diversas partes do país.

O comércio urbano beneficia destes dias e dos milhares de pessoas que sempre compram algo para levar ou se sentam para beber e comer alguma coisa. Em algumas partes da cidade, a exemplo do que acontece noutras cidades, há bares onde se exagera no consumo de álcool e onde nem sempre se questiona a idade dos consumidores. Alguns incidentes ocorridos nos últimos tempos ilustram o grau de violência a que se pode chegar quando o consumo de bebidas alcoólicas se descontrola.

A comunicação social marcou presença e a divulgação da cidade, da região, das gentes e das tradições chegou mais longe. E com os modernos meios de comunicação também ajudam a chegar mais longe em tempo record.

Estão de parabéns todos quantos se esforçaram por preparar as festas da cidade em 2016, sabendo que o ideal está sempre mais adiante. Certamente que os preparativos para as festas do próximo ano vão começar em breve. Mas isso será o trabalho de alguns que, daqui a um ano, trará oportunidade de festa a todos.

JD, in Voz de Lamego, ano 86/42, n.º 4378, 13 de setembro de 2016

JUBILEU DA MISERICÓRDIA | AO SERVIÇO DO HOMEM

humildade

A fé não é uma questão privada ou irrelevante no âmbito social e político. Apesar de se aceitar a distinção entre realidades terrenas e espirituais, não se aceita a sua separação. Isto porque, apesar de cada dimensão da realidade ter algo de próprio, tudo deve ser orientado para objectivos que defendam e promovam a dignidade e vocação do homem, plenamente revelada pela Palavra de Deus.

O Reino de Deus, não sendo deste mundo, opera nele. Sabemos que a salvação se realiza plenamente na eternidade, mas começa na história e manifesta-se aqui e agora, sobretudo quando a realidade se vê restituída de autenticidade e beleza.

A Igreja tem consciência da sua missão e esforça-se por levar a todos uma mensagem que também é importante para a organização da sociedade. “Quando cumpre a sua missão de anunciar o Evangelho, a Igreja atesta ao homem, em nome de Cristo, a sua dignidade própria e a sua vocação à comunhão das pessoas e ensina-lhe as exigências da justiça e da paz, conformes à sabedoria divina (CIC – Catecismo da Igreja Católica – n.º 2419).

No respeito pela liberdade de cada um e da autonomia dos poderes instituídos, longe da confessionalidade do Estado (laicidade), a Igreja “emite um juízo moral em matéria económica e social, quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigem” (CIC 2420; GS 76). Porque a Igreja também se preocupa com os aspectos temporais do bem comum e esforça-se por “inspirar as atitudes justas, no que respeita aos bens terrenos e nas relações socioeconómicas.

Como aqui referido na semana passada, o ensinamento da Igreja é fruto da interpretação eclesial dos acontecimentos aparecidos no decurso da história “à luz do conjunto da Palavra revelada por Cristo Jesus, com a assistência do Espírito Santo” (CIC 2422).

Assim, “a DSI propõe princípios de reflexão, salienta critérios de julgamento e fornece orientações para a acção” (CIC 2423). Por exemplo, a Igreja condena qualquer sistema que seja “inteiramente determinado pelos factores económicos”, porque é “contrário à natureza da pessoa humana” (CIC 2423). Tal como se manifesta contrária diante de uma teoria que “faz do lucro a regra exclusiva e o fim último da actividade económica” ou condenando qualquer sistema que possa “sacrificar os direitos fundamentais das pessoas e dos grupos à organização colectiva da produção” (CIC 2424; GS 65). E é por isso que, no seu ensinamento, “a Igreja rejeitou as ideologias totalitárias e ateias”, “recusou, na prática do ‘capitalismo’, o individualismo e o primado absoluto da lei do mercado sobre o trabalho humano” (CIC 2425).

A Igreja é, algumas vezes, notícia por causa das fraquezas de alguns dos seus membros, mas a verdade é que, em questões sociais, o mundo muito pode aprender com o seu ensinamento. Bastará, para isso, ultrapassar alguns preconceitos ou retirar os “óculos ideológicos” que dificultam a visualização da verdade.

JD, in Voz de Lamego, ano 86/42, n.º 4378, 13 de setembro de 2016