Povo que chora, canta e reza a santidade de Deus | Ternura de Maria
O culminar da festa em honra de Nossa Senhora dos Remédios, Padroeira da cidade de Lamego, aconteceu, como sempre, no dia 08 de Setembro, a data escolhida pela Igreja para celebrar a festa da Natividade de Maria. Nesse dia, milhares de pessoas fizeram a festa em Lamego, quer na Eucaristia celebrada no Santuário, quer na Procissão que percorreu algumas das ruas da cidade verde.
O tempo ameno que se fez sentir contribuiu para a serenidade e elevada participação com que este dia decorreu. Pela manhã, muitos foram os que subiram ao monte de St. Estevão e encheram por completo o Santuário dedicada à Mãe, participando na celebração eucarística a que D. António presidiu, rodeado de alguns sacerdotes, e o coro, orientado pelo Padre Marcos Alvim entoou cânticos já conhecidos, favorecendo a participação alargada dos fiéis. Presentes também o Comissário da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, Dr. Manuel Teixeira, e o Presidente da Câmara de Lamego, Eng. Francisco Lopes, que se responsabilizaram pela leitura dos dois primeiros textos bíblicos proclamados na liturgia da Palavra.
No início da celebração e após a comunhão, o Reitor daquele Santuário, Cón. João António Pinheiro Teixeira, dirigiu palavras de louvor à Mãe e de saudação a todos os peregrinos.
Estremecer sem adormecer
Na homilia, cujo texto publicamos neste jornal (pode ler-se na página oficial da Diocese de Lamego – AQUI), o nosso bispo convidou todos à verdadeira alegria, aquela que não se programa, mas que se recebe e testemunha como “pura graça de Deus”. Comentando o texto evangélico do dia, onde S. Mateus enumera a genealogia de Jesus, D. António disse que, em Deus, ninguém está isolado, ninguém se perde e os milénios não separam. Mas só Deus pode pôr os nossos olhos embutidos a ver tais maravilhas, fugindo à banalidade, à “alegria líquida” e à facilidade de esquecer o Criador. Depois sublinhou a exemplaridade de Maria, destacando a sua humildade e a sua ternura, tão evidentes na imagem da Virgem que ali se venera. Maria estreita-nos para nos acariciar, entrega-nos a Jesus para nos proteger e convida-nos a cuidar dessa relação, para que a ternura e a proximidade, aparentemente frágeis, não desapareçam. Com Maria, somos convidados a estremecer e não a adormecer.
Caminhar com Maria
À tarde, a partir das 16h, o povo está já estrategicamente colocado ao longo do percurso para acompanhar a Mãe na muito divulgada e apreciada Procissão. Não se exagera se se disser que são vários os milhares de devotos que assim aguardam a passagem dos andores e daquela que, do seu trono, olha e convida todos a “fazerem o que Ele diz”.
No rosto de todos há olhares de esperança que esperam a intercessão materna, há palavras de louvor e de agradecimento, há gestos de ternura e de saudação. Por todo o lado há máquinas que procuram fixar o momento e divulgar o acontecimento, marcado pelo Jubileu da Misericórdia em curso.
Mas, permitam a nota, há também um exagerado recurso às palmas, o que rouba oportunidades à oração, ao silêncio, à contemplação e ao som das bandas que acompanham. A iniciativa, que se louvou em ano de muito esforço para os nossos Bombeiros Voluntários, procurou enaltecer o esforço e abnegação dos “soldados da paz”. Desta vez, com as palmas contínuas já não se sabia para quem eram. E, para Nossa Senhora, as palmas não chegam.
A Procissão, após a habitual paragem na esplanada da igreja de Sta. Cruz, seguiu até ao Santuário, onde Maria a todos espera e donde todos abençoa.
JD, in Voz de Lamego, ano 86/42, n.º 4378, 13 de setembro de 2016