JMJ 2016 | Joana Neto | Grupo de Jovens da Sé

Não é nada fácil deixar a nossa terra por 3 semanas para ir em peregrinação. Não é fácil passar 3 dias num autocarro para ir, sabe-se lá em que condições, muitas vezes sem destino apenas com as coordenadas geográficas “JESUS CRISTO”. E foi nesta direção que o Grupo de Jovens da Sé (GJS) partiu para a Polónia.

“Um peregrino sabe simplesmente às horas a que se levanta, não controlando o seu dia-a-dia e, principalmente, não controlando as horas de deitar”. Foi a frase que mais caracterizou a estadia destes jovens num país que vive Jesus Cristo de uma maneira tão acesa como tradicional. A cultura polaca surpreendeu-nos logo nas pré-jornadas passadas em Psów uma cidade pequenina não muito longe de Cracóvia. Fomos todos muito bem recebidos por famílias de acolhimento que “Dando acolhimento a peregrinos” cumpriram esta obra de misericórdia da maneira que melhor sabiam. A gratidão para com todas as famílias não consegue suplantar tudo aquilo que fizeram por nós: comida, cama, banho,… e o mais que podiam, faziam! Enfim, nós éramos os peregrinos mas sentimo-nos reis e rainhas num ambiente que poucas horas depois de chegarmos se tornou logo muito familiar e poucas horas depois de os deixarmos começaram logo a apertar as saudades de todas as experiências, todo o carinho, toda a comunhão com Cristo.

Nas pré-jornadas o momento que para mim mais me marcou foi fazer a via-sacra numa floresta da zona e o terço em línguas diferentes. A caminhada foi cansativa (não tão dura como a das jornadas em si) mas muito gratificante por conseguirmos ver que não é a barreira linguística que pode separar os jovens quando estes têm uma “cola” que é Jesus Cristo.

Após terminarmos a estadia em Psów rumamos a Cracóvia de autocarro onde nos reunimos com o resto do grupo que infelizmente não esteve connosco nas pré-jornadas. Aí sim começou a derradeira aventura! Uma missa de acolhimento muito emotiva em que o arcebispo de Cracóvia falou aos jovens de missão, de Jesus Cristo e de como este é exemplo e orientador; neste dia muito tempestuoso algo de incrível e divino aconteceu: no momento da comunhão o céu, até então chuvoso, nebulado e com trovões tem uma aberta onde dirige os raios de sol que por ele penetram para o altar disposto no Campo Blonia, este que acolheu tamanha celebração.

No dia seguinte chega o Santo Padre e é o festival dos portugueses, onde dois dos nossos meninos, o Pedro e a Denise, foram em concerto com os DABAR e os MC 16,15. “Vimos o Papa, vimos o Papa” gritava-se nas ruas de Cracóvia em mais de 30 línguas diferentes. O seu olhar de paz e desafio fez com que todos os jovens se rendessem há humildade do discípulo de Pedro que durante 4 dias em 4 celebrações (Missa de acolhimento, Via-sacra, vigília e Missa de envio) falou de desafio, missão, misericórdia e acima de tudo de humildade, ele mesmo exemplo de humildade para todos os que com ele criaram uma maré de chamas acesas, chama essa que nos comprometemos a espalhar e impedir que se apague para que como nós muitos outros possam sentir o carinho e o amor de Cristo quer em Portugal, quer na Polónia, quer, no futuro… no Panamá!

Apesar de todas as adversidades, todas as caminhadas ao sol, todos os períodos de “fome” e “sede” foi uma experiência que é impossível esquecer. Todas as palavras do Santo Padre fizeram com que as nossas vidas tivessem mais sentido e nos fossem esclarecidas dúvidas e resolvidas preocupações porque “felizes são os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”.

Joana Neto,  in Voz de Lamego, ano 86/39, n.º 4375, 9 de agosto de 2016