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JMJ2016: Igreja em saída e Evangelho escrito com obras de misericórdia
O Papa celebrou missa com sacerdotes, religiosos, consagrados e seminaristas, no âmbito da JMJ 2016, e pediu que a Igreja “esteja em saída, vá pelo mundo” e preencham o Evangelho com obras de misericórdia. “Jesus envia. Ele, desde o início, deseja que a Igreja esteja em saída, vá pelo mundo”, disse na sua homilia, no Santuário dedicado a São João Paulo II.
Francisco citou o evangelho da passagem depois da Páscoa, em que os apóstolos ainda se encontravam fechados com medo. “Impressiona o contraste: enquanto os discípulos fechavam as portas com medo, Jesus envia-os em missão; quer que abram as portas e saiam para espalhar o perdão e a paz de Deus, com a força do Espírito Santo. Este chamamento é também para nós”, apontou.
O Papa recordou ainda as palavras de São João Paulo II, fundador das JMJ, “abri as portas”, num convite a não ter medo. “Na nossa vida de sacerdotes e pessoas consagradas, pode haver muitas vezes a tentação de permanecer um pouco fechados, por medo ou comodidade, em nós mesmos e nos nossos setores. E, no entanto, a direção indicada por Jesus é de sentido único: sair de nós mesmos”, foi o desafio deixado a todos os presentes.
Na passagem do evangelho surge ainda um “discípulo nomeado”, Tomé, que segundo o Papa Francisco, dá a todos um “grande presente”, “deixa-nos mais perto de Deus, porque Deus não Se esconde de quem O procura”.
Francisco afirmou ainda que com a transmissão do Espírito Santo aos seus Apóstolos, Jesus deixou a sua misericórdia. “Poder-se-ia dizer que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus que devemos ler e reler continuamente, ainda tem páginas em branco no final: permanece um livro aberto, que somos chamados a escrever com o mesmo estilo, isto é, cumprindo obras de misericórdia”. “Como são as páginas do livro de cada um de vós? Estão escritas todos os dias? Estão escritas a meias? Estão em branco?”, questionou.
No fim da celebração o Papa ofereceu ao Santuário de São João Paulo II um crucifixo e seguiu para ir confessar cinco jovens, em representação de todos os continentes.
in Voz de Lamego, ano 86/38, n.º 4374, 2 de agosto de 2016
JMJ 2016: Papa pede aos jovens que rejeitem «doping» do sucesso
«Tu és importante», disse Francisco aos participantes na Missa final da festa mundial da juventude católica.
O Papa Francisco presidiu hoje na Polónia à Missa final da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2016 e desafiou os jovens católicos a acreditar numa “humanidade nova”, sem ceder às aparências ou ao egoísmo. “Não vos deixeis anestesiar a alma, mas apostai no amor belo, que requer também a renúncia e um ‘não’ forte ao doping do sucesso a todo o custo e à droga de pensar só em si mesmo, nas próprias comodidades”, realçou, na homilia da celebração que, segundo a organização, reuniu mais de 1,5 milhões de participantes no ‘Campus da Misericórdia’, um espaço ao ar livre situado 15 km a sul de Cracóvia.
Francisco partiu de um episódio narrado no Evangelho, em que um homem chamado Zaqueu sobe a uma árvore para ver Jesus e acaba por recebê-lo em sua casa, convertendo-se. “O encontro com Jesus muda a sua vida, como sucedeu ou pode sucede cada dia com cada um de nós”, observou.
O Papa defendeu que os jovens católicos devem saber viver sem tristeza nem pensamentos negativos sobre si próprios, fugindo das “liturgias mundanas do aparecer, da maquilhagem da alma”.
“Tu és importante! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o telemóvel que usas; não Lhe importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável”, apontou.
A intervenção falou da tristeza como um “um vírus que infecta e bloqueia tudo” e apresentou o “segredo da alegria”: “Não apagar a boa curiosidade, mas colocar-se em jogo, porque a vida não se deve fechar numa gaveta”. “Perante Jesus, não se pode ficar sentado à espera de braços cruzados; a Ele que nos dá a vida, não se pode responder com um pensamento ou com uma simples SMS”, prosseguiu o Papa.
Francisco afirmou depois que a fé na misericórdia e numa humanidade nova, “que não aceita o ódio entre os povos, não vê as fronteiras dos países como barreiras”, pode levar a que muitos se riam dos jovens católicos e os vejam como “sonhadores”, mas pediu-lhes que “não desanimem”.
O Papa realçou depois a importância da Confissão na vida espiritual dos católicos. “Fiai-vos na recordação de Deus: a sua memória não é um disco rígido que grava e armazena todos os nossos dados, mas um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal”, recomendou.
No final da JMJ 2016, iniciada na terça-feira, Francisco disse que este evento deve continuar agora na casa de cada um. “Rezemos em silêncio, fazendo memória, agradecendo ao Senhor que aqui nos quis e encontrou”, concluiu.
in Voz de Lamego, ano 86/38, n.º 4374, 2 de agosto de 2016
JMJ 2016: Papa tem missão para os jovens católicos: sair do «sofá»
O Papa disse hoje na Polónia que os jovens católicos são desafiados a sair do “sofá” e a evitar a “paralisia silenciosa” de uma vida fixada em videojogos e no computador. “Um sofá – como os que existem agora, modernos, incluindo massagens para dormir – que nos garanta horas de tranquilidade para mergulharmos no mundo dos videojogos e passar horas diante do computador. Um sofá contra todo o tipo de dores e medos”, explicou, durante a vigília de oração que reuniu mais de 1,5 milhões de pessoas durante a Jornada Mundial da Juventude.
O Papa perguntou aos presentes no ‘Campus da Misericórdia’, 15 quilómetros a sul de Cracóvia, se queriam “lutar” pelo seu futuro. “Sim”, responderam os presentes, num momento saudado por uma salva de palmas.
Francisco sublinhou que ninguém veio ao mundo para “vegetar” e que esta ideia de juventude “adormecida” apenas convém aos que “decidem o futuro” pelos outros. “É muito triste passar pela vida sem deixar uma marca”, assinalou.
O Papa subiu o tom da intervenção para condenar as “outras drogas socialmente aceitáveis” que retiram a liberdade aos jovens e os deixam “entorpecidos”. “Para seguir a Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas”.
O pontífice quer que os jovens católicos sejam “atores políticos, pessoas que pensam, animadores sociais” e construam “uma economia mais solidária”. “Deus espera algo de ti!”, insistiu. Nesse sentido, disse que o mundo atual “não precisa de jovens-sofá, mas de jovens com sapatos, ainda melhor, calçados com botas”.
A intervenção concluiu-se com um apelo a “percorrer as estradas da fraternidade” e, simbolicamente, desafiou os jovens a construir uma “ponte fraterna” com um aperto de mão com quem estava a seu lado.
in Voz de Lamego, ano 86/38, n.º 4374, 2 de agosto de 2016