Tempo, espaço e vivências de Nossa Senhora dos Remédios
O rosto de Lamego
A igreja do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios foi escolhida, mais uma vez, para a cerimónia de apresentação de um livro, da autoria do Reitor daquele espaço diocesana, Pe. João António Pinheiro Teixeira. Aconteceu na tarde do passado domingo e contou com muitas presenças, entre as quais as de D. António Couto e de D. Jacinto Botelho.
Rosto que provoca
“O rosto de Lamego. Tempo, espaço e vivências de Nossa Senhora dos remédios”, nas suas mais de 500 páginas, é, segundo o Comissário da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, Dr. Manuel Teixeira, o resultado de um grande esforço de investigação por parte do autor e o fruto de uma enorme dedicação daquele sacerdote, oferecendo a todos uma “história do santuário actualizada”.
Mas, no dizer D. António Couto, o livro é muito mais que uma história sobre factos registados em arquivo ou observados na obra feita. Trata-se, antes, de um “grande livro onde a espiritualidade, a cultura, a liturgia e a sabedoria do amor marcam presença” e que, por isso, “importa ler devagar e de forma atenta, como se subisse lentamente o escadório”. O livro apresenta-se como um “percurso impressionante, rico, inteligente”, com “um ponto de partida, com escolhas feitas e escolhos encontrados” e com um “ponto de chegada” que aponta para “novos horizontes”, sem deixar de fornecer alguns anexos, imagens e a letra do Hino do Santuário, escrito pelo seu actual Reitor e musicado pelo Pe. Marcos Alvim.
Na sua intervenção, o nosso bispo, que não poupou elogios ao autor e à obra agora editada pela Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, debruçou-se ainda sobre o título, “O rosto de Lamego”. A esse propósito afirmou que “encarar o rosto de Maria é tomar consciência de que a ternura me é dada, me precede e me chama”. E assim, sou levado a concluir que “o começo vem de fora. Não me é dado escolher a ternura, mas sou confrontado com a ternura que já me escolheu”. Por isso, “se Maria é o rosto de Lamego, há aqui muito trabalho a fazer”.
Um ato de devoção
O autor, Pe. João António Pinheiro Teixeira, tomou depois a palavra para agradecer a presença de todos, afirmar que o presente livro é “um ato de devoção depositado nas mãos dos leitores” e sublinhar, mais uma vez, que “Lamego é a Senhora dos Remédios e a Senhora dos Remédios é Lamego”. Resultado de um demorado e meticuloso trabalho de pesquisa no arquivo do Santuário e de contactos com outras pessoas, o autor não deixou de apelar à colaboração de outros lamecenses e devotos, no sentido de disponibilizarem possíveis dados para serem integradas em futuras edições.
O Santuário deve ser uma referência, não apenas arquitectónica, mas, sobretudo, para “elevar o homem”, tal como referiu D. António Couto, a partir do sentido etimológico do termo. Estamos diante do lugar de Deus, onde o homem vem para encontrar e ser encontrado.
Património a preservar
Na intervenção inicial do Dr. Manuel Teixeira, Comissário da Irmandade, foram divulgadas ainda algumas informações referentes ao acolhimento de peregrinos e à celebração de sacramentos e de outras festas no Santuário ao longo do último ano. De forma muito abreviada, referiu também alguns números da contabilidade dos últimos meses, certamente para referir que as verbas existentes são escassas diante das necessidades. Neste particular, apontou como premente a limpeza de todo o exterior da igreja, bem como o restauro de uma parte do respectivo telhado; no interior, será necessário remodelar a sala de reuniões e a sala de arrumações.
Em relação ao parque, depois das importantes obras de restauro do escadório e da iluminação colocada, apontou como necessário e urgente um estudo sobre as árvores ali existentes, por forma a evitarem possíveis acidentes. A este propósito, deixou um apelo ao senhor Presidente da Câmara de Lamego, presente na cerimónia, para uma possível e desejada ajuda, no seguimento de outras já facultadas.
Deixou também uma palavra de louvor e gratidão às Irmãs Franciscanas Hospitaleiras que, desde há uns anos a esta parte, são o rosto do Santuário no acolhimento aos peregrinos, na colaboração litúrgica, na articulação dos colaboradores e na preservação do espaço.
No início e no fim da cerimónia, cuja duração poderia ter sido um pouco abreviada, os presentes tiveram também a oportunidade de ouvir, pela primeira vez, o Hino do Santuário, interpretado pelo respectivo Coro.
Parabéns ao autor pelo trabalho realizado e ao Santuário, agora mais rico no seu património cultural e espiritual.
JD, in Voz de Lamego, ano 86/34, n.º 4370, 5 de julho de 2016