«A história do menino Joaquim»
Também ela começa por «era uma vez», mas ao ler o pequeno livro que nos relata essa história, depressa damos conta de que essa «vez» é irrepetível, sobretudo se se pretende contar uma história real.
E real foi a história de Joaquim Alves Brás, a quem se dedica este espaço na «VOZ DE LAMEGO», para dar a conhecer a meninice, juventude e idade adulta daquele que foi o fundador da chamada «Obra de Santa Zita».
Quem ele foi é já do conhecimento de muitos dos nossos leitores; quem ele é na história que não acabou no dia da sua morte, faz parte do que a Família Blasiana quer mostrar nos cinquenta anos da morte de Mons. Alves Brás. O seu sonho de ser Padre esbarrava para muitos na doença que limitava a sua locomoção; mas a história fala dos fortes e dos que confiam em Deus.
Foi padre e experimentou a vida paroquial, a de Director Espiritual no Seminário da Guarda, mas experimentou também a dor e tortura física e moral de muitas jovens que, deixando a sua aldeia, procuraram na cidade um trabalho, que tantas vezes as lançou na miséria e, depois, no vício. Ouviu muitas lamentações: «ajude-me, sr. Padre Brás; ai, se eu pudesse voltar atrás, não estaria a sofrer como estou. Afastei-me do bem e, agora, estou perdida».
Também ele sofria e descobriu outro sonho; dele nasceu a Obra, que com o lema «mãos no trabalho e coração em Deus», procurou «prevenir, agir e formar» tanta pessoa, que assim ajudou e salvou no mundo do seu tempo, tempo que hoje se estende, embora de modo diferente, em Portugal e no Estrangeiro.
Vi-o entrar no salão de estudos do Seminário de Lamego, coxeando mas aprumado no seu ser, e forte na sua palavra; aquela com que ajudou e salvou tantas jovens do vício da «cedade» (ele trocava o i por um e) e hoje, pensa-se na sua canonização, o prémio de Deus e o reconhecimento da Igreja para quem soube viver e fazer o bem neste mundo dos homens e na Igreja de Jesus Cristo.
P.e Armando Ribeiro, in Voz de Lamego, ano 86/33, n.º 4369, 28 de junho de 2016