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Archive for 17/06/2016

Apontamento social: Educação e Escolha

The concept of choosing a future profession. Icons education. Silhouette of a boy with a laptop surrounded by icons of education.

Confesso que o meu envolvimento nesta questão é só como contribuinte. Não sou aluna nem Professora, não tenho filhos nem netos a estudar e não possuo qualquer interesse económico ou outro em qualquer estabelecimento privado de ensino. Mas pago impostos e gosto de saber em que é gasto parte do que ganho com o meu trabalho. Dito isto, vamos analisar o que se passa:

  • Há estabelecimentos privados que recebem apoios estatais para receber alunos, quaisquer alunos, da área correspondente;
  • Tanto quanto sei, recebem por turma um valor aproximado ao que essa turma gastaria no ensino público;
  • Tanto quanto sei, a maioria tem boas condições para receber esses alunos, o que não é certo no ensino público em que as escolas que receberam chão de mármore e candeeiros do Arquiteto Siza Vieira andam a par com as que não têm pavilhão para atividades desportivas e/ou chove nas salas de aula;
  • Não vejo nos media pais/alunos de estabelecimentos privados a protestar porque não há Professores a tempo, porque o Professor falta muito pois adoeceu e não foi substituído, porque não há auxiliares, porque as salas são muito frias, porque as turmas estão sobrecarregadas ou porque não há Professores de apoio para o ensino especial;
  • Tanto quanto sei, os alunos que entram para o ensino privado com este tipo de contrato com o Estado vêm da Central de Matrículas da zona, pelo que as turmas são muito heterogéneas, têm filhos de classe média, alta, famílias necessitadas, crianças e jovens institucionalizados…e ninguém paga. Parece-me bem mais justo e democrático que o sistema de distribuição de bolsas de estudo pelo Estado a alunos em colégios privados, tão pouco fiscalizado, criando situações em que, no mesmo estabelecimento de ensino uns paguem e outros não, quando muitos dos que recebem bolsas exibem sinais exteriores de riqueza que tornam muito suspeita a necessidade desse apoio… Suponho que este segundo caso é um bem pior “assalto” ao bolso do contribuinte.
  • Tanto quanto sei, vários diretores de escolas públicas já disseram que estão sobrelotados; apesar disso, alguns deles disponibilizaram-se para receber mais alguns se forem feitas obras para os acolher! Não será solução se afinal vamos gastar mais dinheiro em obras!
  • Tanto quanto sei, o desemprego gerado pelos cortes nas comparticipações será significativo num setor que já tem muitos desempregados, e não é linear que esses empregos transitem para o setor público – pelos antecedentes será mais fácil imaginar mais horas para os professores já empregues e mais alunos por turma; afinal a ideia é economizar, certo?
  • Tanto quanto sei, os alunos parecem gostar das suas escolas e os pais de os lá ter. Será que isto não é importante? A quem incomoda esta situação?

Após esta pequena reflexão a minha conclusão é que o problema, para certas pessoas, está na gestão! É privada! O Estado não mete o “tentáculo”! E digo eu, pela confusão que se vê no ensino público a cada arrancar dum novo ano letivo isso não será uma mais-valia?! E não poupará, afinal, o dinheiro do contribuinte?

I.M., in Voz de Lamego, ano 86/31, n.º 4367, 14 de junho de 2016

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Passeio Anual do Centro Social Paroquial de Lamosa

lamosa

“O segredo da genialidade é conservar o espírito de criança até à velhice, o que significa nunca perder o entusiasmo.”

Realizou-se no dia 1 de junho, dia mundial da criança, o passeio anual do Centro Social Paroquial de Lamosa a Lamego e Salzedas, daí fazer todo o sentido usar a citação introdutória de Aldous Huxley. São estes passeios, de cariz notoriamente religioso e cultural, que fomentam o entusiasmo pela vida, uma vez que vão de encontro aos interesses e preferências dos nossos utentes.

Choveu abundantemente nas semanas que antecederam esta viagem, porém, no dia 1 de junho, o sol não se fez rogado e sorriu para nós, embelezando este dia tão marcante para todos. Com saída da instituição marcada para as 8 horas da manhã tínhamos como objetivo visitar o Arquivo – Museu Diocesano de Lamego às 10 horas da manhã. E assim foi, visitámos o museu, muito bem auxiliados pelo guia que tão bem nos eludiu sobre todo o espólio exposto e ao qual agradecemos pela prestabilidade concedida durante toda a visita. Passámos também pela Sé de Lamego e pelos seus esplendorosos claustros, onde, quase que obrigados pela arrepiante beleza do local, foi feito um registo fotográfico de grupo. Seguidamente e tal como planeado, os utentes tiveram oportunidade de assistir a uma missa, celebrada pelo Presidente da instituição, Padre Tiago Cardoso, na Igreja do Espírito Santo pelas 11horas e 30 minutos. Seguiu-se o almoço e visita ao Santuário de Nossa senhora dos Remédios, que tanto significa para os nossos utentes. Após a visita ao Santuário, onde tivemos a oportunidade de admirar a beleza paisagística, partimos em direção a Lamosa de volta à nossa instituição, passando antes por Ucanha e Salzedas, com o intuito de visitar o Mosteiro Cisterciense de Salzedas, que se mostrou tão imponente perante o olhar espantado de todos. Ao chegarmos ao Centro Social Paroquial de Lamosa era inequívoco, através da satisfação expressa pelos comentários e sorrisos, que este foi um dia carregado de solenidade, emoção e devoção.

Tendo em conta que este passeio se realizou no dia Mundial da Criança e que o trabalho realizado pelo CSPLamosa destina-se a uma população mais velha, importa finalizar este pequeno texto, reiterando que a defesa pela dignidade da pessoa humana é um imperativo, independentemente desta se enquadrar numa faixa etária mais velha ou mais nova. A vida humana tem, impreterivelmente, de se esvaziar de todos os preconceitos idadistas, pois só existe uma verdade inegável, a qual Khalil Gibran definiu perfeitamente, exortando que “a morte não está mais perto do idoso do que do recém nascido. NEM A VIDA”.

in Voz de Lamego, ano 86/31, n.º 4367, 14 de junho de 2016