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Seminaristas do 6.º Ano de Teologia por terras de Tabuaço
O sexto ano do seminário apresenta-se como o “salto” entre o curso teológico e a vida pastoral. De facto, se este ano contempla uma formação com alguns aspetos teóricos (embora sem um peso académico), procura sobretudo dar a conhecer ao seminarista a realidade diocesana, através dos vários aspetos que contém. A experiência dos professores, aliada ao seu saber é importante para ajudar os que se preparam para o sacerdócio, mas é igualmente importante a descoberta que o seminarista faz por si in loco, apercebendo-se da realidade que um dia o espera.
Assim, no passado dia três de maio, nós, os dois finalistas do Seminário Maior de Lamego, juntamente com o Reitor, Pe. Joaquim Dionísio e o Pró-Vigário Geral, Pe. João Carlos, rumámos até Tabuaço, onde fomos recebidos pelo Pe. Ildo Silva, o pároco mais velho da nossa Diocese, que partilhou connosco a sua experiência pastoral. Tivemos oportunidade de conhecer a sua história de vida, multifacetada, pois começou por ser missionário Espiritano e somente depois de vários anos nas Missões em vários países africanos, regressou à Diocese para ser pároco das paróquias de Arcos e Chavães onde se manteve até hoje. Depois de nos ter falado de si, da sua experiência pastoral, fomos com o Pe. Ildo a Chavães, onde nos mostrou a Residência Paroquial e a bela Igreja Paroquial dedicada a S. Martinho. Na despedida, recomendou-nos que não tivéssemos medo das dificuldades, pois o Senhor Jesus está sempre connosco como nos prometeu no Evangelho.
Como estávamos perto, aproveitámos para visitar S. Pedro das Águias, um eremitério que se situa ao fundo da Granjinha num vale junto ao rio Távora e que remonta já ao período da Reconquista, envolvido na lenda da princesa Ardínia e do Cavaleiro D. Tedo. Aqui o Pe. João Carlos explicou-nos a importância da ordem Cisterciense que esteve presente em Portugal na nossa Diocese e que fundou este eremitério. Nos dias de hoje existe apenas a capela, envolvida pelo silêncio trespassado apenas pelo murmurar das águas do rio Távora. Nela pudemos observar a sua sobriedade e austeridade tão própria do estilo românico.
Aproveitamos para agradecer ao Sr. Padre Ildo a sua disponibilidade e vontade em nos acolher, bem como ao Pe. João Carlos por ter sido o nosso guia nestas terras para ele tão conhecidas.
Diogo Rodrigues e Luís Rafael,
in Voz de Lamego, ano 86/23, n.º 4362, 10 de maio de 2016
ENTREVISTA COM O PADRE ILDO DE JESUS
À conversa com… Pe. Ildo Aníbal de Jesus Silva
Na zona pastoral de Tabuaço, desde há 47 anos a esta parte, encontramos o Pe. Ildo como pároco de Chavães e de Arcos. Membro da Congregação dos Missionários do espírito Santo, ordenado presbítero a 30 de Setembro de 1951, em Viana do Castelo, passou por terras de Angola antes de se fixar entre nós. Esta breve conversa, para lá de nos dar a conhecer o seu percurso, é também uma singela homenagem ao decano dos nossos párocos.
O Padre IIdo é natural da nossa Diocese, da paróquia de Cedovim, Vila Nova de Foz Côa, mas a sua formação e ordenação aconteceram na Congregação das Missionárias do Espírito Santo. Como foi esse percurso?
Sou um dos onze filhos de Adelino A. Silva e de Felisbela Ramos. Ainda ao colo do primeiro, o Antoninho, subi ao campanário para aprender a tocar às Almas. Ao cuidado do segundo, a Violinda, aprendi a ajudar à Missa em latim. Recordo o elogio do sr. P.e Guerra na descida do cemitério, após um funeral.
Estando a ajudar o quarto, o Zé, que trabalhava numa obra de serralharia – profissão do pai – lembrei-me de dizer que queria ir para a escola – «vai já dizer ao pai que te compre o livro». E quase no termo do ano escolar, de facto, levou-me ao sr. Prof. Patrício, que me endossou aos da quarta classe.
Tive um interregno de Escola durante mais de um ano, porque ficámos sem professor.
A Violinda, por tudo e por nada, inculcava-me o Seminário. Em 1937 ingressei na Congregação do Espírito Santo, na Guarda-Gare. Findo o ano, acompanhei um colega de Vale de Ladrões – hoje Valflor – que me apresentou à s.ra D. Carminho, na Meda. Só me deixou sair quando a Violinda me foi buscar num macho. Cotejando as notas do fim do ano, recebi os parabéns do rev. P.e Marques. Mas os livros que eram da Congregação, tiveram descanso.
No termo das férias, recebi uma comunicação da Guarda-Gare: «como deve saber pela sua mãe, só pode entrar em Godim, depois das ordens do oftalmologista, Dr. Pôncio. Ao fim de um ano, sem medicação alguma, recebi carta branca. Já as aulas tinham começado há uma semana, quando entrei em Godim.
Embora sem qualquer negativa, no Natal mandaram-me repetir o primeiro ano na Silva – Barcelos…. Sem me aplicar demasiado, tive sempre notas positivas, salvo numa Páscoa em que a puberdade explodiu. Ler mais…
PEREGRINAÇÃO – CONVERSÃO | Editorial Voz de Lamego | 10 de maio
A edição da Voz de Lamego apresenta, como habitualmente, uma riqueza de temas, nomeadamente nas variadas reflexões e artigos de opinião, e no desenvolvimento de algumas notícias. Alguns destaques: entrevista com o Pe. Ildo de Jesus, Pároco de Chavães e de Arcos, na Zona Pastoral de Tabuaço e a visita dos seminaristas do 6.º Ano em terras de Tabuaço, o encontro do pré seminário, as obras no Santuário de Fátima, o Fátima Jovem, e as peregrinações, a Visita Pastoral de D. António na Paróquia de Granjal.
O Editorial do Pe. Joaquim Dionísio, Diretor do nosso jornal diocesano, centra-nos na peregrinação como caminho de conversão:
PEREGRINAÇÃO – CONVERSÃO
A peregrinação é entendida como uma iniciativa, pessoal ou colectiva, que os crentes vivem em direcção a um lugar santo por causa de motivações religiosas e dentro de um espírito de fé.
Desde os primeiros séculos, os cristãos colocaram-se em marcha, a caminho, em direcção a lugares de referência para a sua fé: a Terra Santa da Bíblia e de Jesus, os túmulos dos Apóstolos (Roma, Compostela…), os santuários marianos e os lugares onde viveram grandes santos. A sós ou em grupo, o peregrino simboliza a marcha do Povo de Deus para o Pai. Porque “o peregrino tem sempre um objectivo, mesmo se às vezes dele não tem explicitamente consciência. E esse objectivo não é outro senão o encontro com Deus através de Cristo” (Bento XVI).
Por estes dias, muitos se dirigem até à Cova da Iria. As motivações variam (cumprir promessas, acompanhar alguém próximo, experimentar, vencer o desafio, fortalecer a fé, encontrar-se…), mas todas se apoiam na disponibilidade para partir e na vontade de chegar.
No Ano Jubilar em curso está explicito o convite para peregrinar, para encontrar Deus e o próximo, para sair de si e da sua zona de conforto, para abandonar certas práticas e adoptar novos hábitos, para fixar objectivos e avançar segundo as suas forças (MV 14).
Numa palavra, a verdadeira peregrinação rima com conversão. Eis o mais importante e, também, o mais difícil. Porque se não há mudança, apenas ficará o esforço físico.
As famílias, os amigos e as comunidades são testemunhas da mudança protagonizada por muitos peregrinos e dela beneficiam também. E se muitos o conseguem, todos a ela devem aspirar.
A peregrinação pode não ser sempre sinónimo de deslocação no espaço, mas quando Deus é a meta sempre produzirá mudanças na forma de estar e de viver.
Ousemos peregrinar.
in Voz de Lamego, ano 86/23, n.º 4362, 10 de maio de 2016