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Rede Social Saúde: uma janela de oportunidade na saúde do Douro Sul
Com a presença de instituições de todo o Douro Sul, autarquias e muitos cidadãos, decorreu, no passado dia 1 de abril, em Lamego, o evento Cidadania em Saúde – Douro Sul 2016. Esta iniciativa que tem como objetivo promover a saúde e envolver todos, instituições, autarquias e SNS, na procura de melhores soluções para os cidadãos, vai decorrer em todos os concelhos do Douro Sul ao longo do ano de 2016.
Neste contexto foi apresentada a Rede Social Saúde que junta em estratégia comum várias instituições desta região e que, para além da organização interna das respostas em saúde, promovendo a eficiência e a qualidade, vai permitir a partilha de recursos entre as estruturas aderentes.
A Rede Social Saúde assenta o seu trabalho numa linha de valores estruturantes – Proximidade, Integração, Humanização.
O evento da passada sexta feira contou com a presença ativa do Senhor Bispo de Lamego, D. António Couto, do Dr. Rui Cernadas e do Professor Rui Nunes. Estas três personalidades de grande relevância fizeram o enquadramento de princípios e valores que deverão estar sempre presentes nas atividades humanas e muito particularmente na saúde. Aproveitaram também para dar um claro incentivo à Rede Social Saúde, manifestando-se muito agradados com este projeto que tem tudo de pertinente e inovador. A região, segundo eles, com esta Rede em Saúde, está a ser pioneira em Portugal, por ousar apresentar um novo modelo de integração e organização dos serviços de saúde.
A liderança política do evento esteve a cargo do Presidente do Conselho da Comunidade do Aces Douro Sul, Valdemar Pereira, que deu exemplos de parcerias em saúde, sendo o seu concelho uma realidade a seguir. Salientou a importância deste projeto que junta vontades e pretende fazer progredir a nossa Região.
O enquadramento técnico científico do tema central deste evento – cidadania em saúde – saúde em rede, esteve a cargo de Helena Norinha, Enfermeira e gestora de instituições de saúde.
António Marques Luís, médico e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lamego, instituição âncora da Rede Social Saúde, realçou a importância deste projeto para se oferecerem melhores cuidados de saúde aos cidadãos, em particular os institucionalizados, em respostas sociais residentes ou no domicílio, pela melhor organização interna e partilha de meios pelas instituições.
Domingos Nascimento, gestor de instituições sociais e de serviços de saúde, apresentou o projeto Rede Social Saúde, salientando as idiossincrasias deste território do Douro Sul, marcado pela catástrofe da desertificação humana. E, neste contexto, a procura de escala e o aproveitamento de sinergias, serão as pontas a unir, num objetivo comum, as valências em saúde destas diferentes instituições que pretendem trabalhar no seio do projeto.
As reações ao projeto Rede Social Saúde revelam a necessidade urgente deste projeto e manifestam-se como um indicador de sucesso na sua implementação.
in Voz de Lamego, ano 86/22, n.º 4359, 19 de abril de 2016
Tarouca: Vigília Diocesana de Oração pelas Vocações
Vivemos a 53.ª Semana de Oração pelas Vocações que terminou no passado Domingo, Dia do Bom Pastor. Certamente que ao longo da semana, muitos foram os cristãos que se uniram em torno desta intenção e fizeram chegar até Deus, o dono da Messe, a oração e o louvor por todas as vocações.
Foi precisamente com este espírito de louvor e de oração que nos juntamos no Sábado pelas 21h na Igreja Paroquial de S. Pedro de Tarouca, na companhia do Sr. Bispo, D. António de vários sacerdotes, seminaristas, religiosas e muitos jovens e leigos que a nós se uniram para celebrarmos com fé e gratidão a Vigília de Oração pelas Vocações.
As palavras do Papa Francisco na sua mensagem para esta semana, serviram-nos de caminho para que todos déssemos conta que a Igreja é Mãe de Vocações. Com esta Vigília e “no decurso deste Jubileu Extraordinário da Misericórdia, quisemos experimentar a alegria de pertencer à Igreja, redescobrindo nela a vocação cristã e as formas particulares de a viver que nascem no Povo de Deus e são dons da misericórdia divina”, diz o Papa.
Assim durante cerca de uma hora e meia, permanecemos em oração diante de Jesus no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, exposto no altar.
Desde os cânticos, às diversas leituras, às palavras do Sr, Bispo, tudo nos encaminhou para este sentimento do Papa Francisco de percebermos que a “…Igreja é Casa de Misericórdia e também «terra» onde a vocação germina, cresce e dá fruto…”.
Assim, uma das dinâmicas desta Vigília foi a plantação num vaso com terra, previamente preparado, três bolbos de plantas para nos recordar que a vocação é uma semente que é lançada e que precisa de criar raízes e ser amparada para dar fruto ou flor. Neste sentido, o Papa Francisco salientava que “… a comunidade torna-se a casa e a família onde nasce a vocação”.
Para que tal aconteça é necessário que os candidatos às diversas vocações conheçam melhor a comunidade eclesial sendo oportuno que façam alguma experiência apostólica junto da comunidade a quem pertencem, ao lado de um bom catequista; numa comunidade religiosa, nas mais diversas Congregações; que descubram o valor da contemplação, partilhando a clausura; que conheçam a missão ad gentes por exemplo junto dos missionários; a vida diocesana junto dos sacerdotes e párocos, ou na experiência de um Seminário e ainda no aprofundamento da experiência da pastoral na paróquia ou diocese a quem pertencem.
Estes são os caminhos propostos, o campo, a terra, onde se pode lançar a semente da vocação. Amparada por todos e regada com a água vida da oração, ela dá fruto.
Os dois testemunhos que foram dados na Vigília, bastante eloquentes, tinham este pano de fundo. É preciso seguir sem medo a voz Daquele que chama.
A Vigília de Oração terminou com a Bênção do Santíssimo Sacramento e a Oração do Papa Francisco para esta Semana, acompanhada do convite do Sr. Bispo de irmos e tal como Maria, tal como Paulo e Barnabé, seguirmos o Caminho e o Caminho é Jesus Cristo. Só Ele é o Caminho a que nos propusemos seguir. O cântico final enviava-nos com alegria de falar Dele, a dar a Boa Nova e a dizer a todos que Jesus é Amor.
Um agradecimento final a todos os que ajudaram a preparar este momento de oração e a todos os que participaram.
Pe. José Miguel, Departamento Diocesano das Vocações
in Voz de Lamego, ano 86/22, n.º 4359, 19 de abril de 2016
ACOLHER E DISCERNIR | Editorial Voz de Lamego | 19 de abril de 2016
A Viagem do Papa Francisco à Ilha de Lesbos, na Grécia, a um campo de Refugiados, abre como destaque a Voz de Lamego desta semana. Uma viagem breve, mas com uma marca provocatória para todos, a começar pelas autoridades, mas também para as nossas comunidades cristãs. No Avião Papal, a acompanhar o regresso de Francisco ao Vaticano, três famílias de refugiadas, para refazerem as suas vidas em Itália. Não foi uma escolha aleatória, mas correspondem a famílias que tinham os papéis em ordem.
No Editorial desta semana, o Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego, prepara-nos para ler a Exortação Apostólica do Papa Francisco sobre a Família, A Alegria do Amor.
ACOLHER E DISCERNIR
Contrariando as expectativas jornalísticas de alguns e o exagerado temor de outros, a recente Exortação pós-sinodal não apresenta qualquer mudança doutrinal. Mais do que preocupar-se com normas, regras ou interdições, o Papa convida as famílias a viverem de maneira evangélica.
O texto, que quer promover a família na Igreja e na sociedade através do diálogo e da acção, está apresentado em 325 parágrafos divididos por nove capítulos e é fruto de um sínodo vivido em dois momentos (sessão extraordinária em 2014 e ordinária em 2015).
Acolhendo e citando as proposições sinodais, Francisco consagra vários capítulos a recordar a doutrina da Igreja católica, para quem a família é uma experiência humana e humanizante que importa acolher, acompanhar e promover. Nesse sentido, o Sumo Pontífice apela a um olhar positivo sobre as famílias, convidando todos a imitarem a atitude de acolhimento protagonizada por Cristo, o modelo a seguir. Porque, mesmo quando algum baptizado não vive em conformidade com a doutrina, continua a pertencer à Igreja.
Defendendo a unidade de doutrina e da práxis, mas lembrando a imagem do poliedro (figura com muitas faces planas), fica claro que o Papa não quer definir, a partir de Roma, todos as consequências da fé cristã, deixando às Igrejas locais a busca de soluções mais inculturadas e atentas.
Assim, a originalidade deste texto está na ênfase dada ao discernimento espiritual, destacando a importância da formação da consciência e o discernir de elementos positivos em situações que podem parecer imperfeitas ou inacabadas. A pastoral não é nem uma engenharia de soluções acabadas nem a cega aplicação de normas.
A Igreja é convidada a reencontrar os que estão fora (periferias), no seu ambiente familiar, e a acompanhá-los no caminho, com a Palavra de Deus e a oração, promovendo a progressão na fidelidade a Cristo.
in Voz de Lamego, ano 86/22, n.º 4359, 19 de abril de 2016