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Archive for 06/04/2016

Páscoa em Ariz – 100 anos

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Quem diria que cem anos passaram por sobre o signo desta imagem e a evocação de semelhante quadro desenhado por Aquilino Ribeiro, nas “Terras do Demo”, vão cem anos, por contas largas!…

O padrezinho novo que na Páscoa de 2015 percorre as ruas de Ariz, no concelho de Moimenta da Beira, é mensageiro de Boa Nova, como o era, ao tempo, nesses cem anos idos, o Padre Francisco Gaudêncio. Segue à frente, agora, de uma cruz de redenção, modesta, no lavor, ao contrário da guizalheira cruz de prata que o Torres, sacristão, transportara nessa Páscoa antiga, esta ornada de flor branca, a outra de uma camélia vermelha colhida talvez no jardim de Glòrinhas. Como antigamente vai o rapaz da campainha e vão dois homens de opa branca que transportam, um a caldeirinha, outro o saquitel onde arrecada côngruas em atraso, moedas avaras que testificam esquecidas dízimas de outrora. São já raros os queijos postos sobre a mesa, os bolos de azeite, o pão-de-ló enfeitado com flores de açúcar em ponto, que o padrezinho de agora já não tem uma família a sustentar como tinha o padre Francisco e tantos outros seus iguais.

Já não há corropio de gente nas ruas da aldeia, como antes, nesse atropelo do beijar a cruz nas multiplicadas casas de parentes. Muitas casas permanecem desertas, os donos ausentes por Suíça ou França, um ou outro ainda veio, saudoso das práticas antigas, retornando ao outro dia.

Este é o dia que o Senhor fez. Alegremo-nos n’Ele!… Aleluia! Aleluia!… O senhor padre Francisco dizia isto em latim, mas os padrezinhos novos ou os seminaristas que cumprem desígnios semelhantes empregam o linguajar comum.

A família reunida beija os pés da Cruz levada em roda. Boas Festas!…

Estava um dia de sol no dia de Páscoa de 2015, em Ariz. Estava um dia de sol nesse dia, como na tarde da última tarde de Páscoa na minha terra, franja das Terras do Demo onde estas se implantam, há que seculos, nem sabemos, vem uma e outra do antiquíssimo tempo das orcas, os pastores e os lavradores desse tempo, como os de agora, celebravam a Primavera que chegava, que tal nome não houvera ainda nessa data, um tempo propício anunciava-se com as flores rebentando nos campos a reverdecer onde o trigo das primeiras sementeiras era promessa, como era o ventre pejado das ovelhas e das mulheres que também floresciam a seu modo.

Páscoa de sempre!… Enquanto os homens permitirem que a Terra floresça!… Enquanto houver um homem sofredor que se levante!…

Alberto Correia | Foto: A. Correia. Ariz, 2015,

in Voz de Lamego, ano 86/20, n.º 4357, 5 de abril de 2016

Consignação de 0,5% do IRS a favor da Cáritas Diocesana de Lamego

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Sem encargos adicionais, os contribuintes podem escolher o que o Estado faz com 0,5% do seu IRS, destinando-a a Entidades de interesse público, associações sociais, instituições de solidariedade social.

A entrega da Declaração de IRS, já decorre, 1 a 30 de abril de 2016, para as Categorias A e H, e de 1 a 31 de maio de 2016, para as restantes Categorias.

A Cáritas, para ajudar, precisa de todas as ajudas, ainda para mais de uma Diocese sobretudo rural. Se for essa a sua opção bastará preencher o Campo 1101, do Quadro 11, do Modelo 3 do IRS, com o N.I.F.: 501 422 579.

A Cáritas Diocesana de Lamego agradece e claro todas as pessoas que podem vir a beneficiar do serviço desta Instituição diocesana. Muito obrigado.

Apresentação do livro do Pe. João Teixeira: SEMPRE EM MUnDANÇAS

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Oitenta quadros com títulos claros e títulos incisivos

Sempre em Mundanças

A igreja do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios encheu-se para a apresentação do mais recente livro do padre João António Pinheiro Teixeira, intitulado “Sempre em Mundança – inquietações e esperanças de um tempo novo”, editado pela Alêtheia Editores.

Entre os presentes, D. António Couto tomou a palavra para sublinhar a pertinência das reflexões agora publicadas, o Dr. Manuel Teixeira, Comissário da Irmandade de Nossa Senhora dos Remédios, foi responsável por uma breve e emotiva apresentação do autor.

No início, foi a Dr.ª Zita Seabra, responsável por aquela Editora, que tomou a palavra para agradecer a presença de todos e para, em nome da sua empresa, agradecer ao autor o ter-lhe enviado o texto para uma possível publicação. E aproveitou para solicitar ao bispo de Lamego a publicação de um livro na sua editora.

D. António Couto, apresentando o livro, começou por dizer que se apresenta como um conjunto de “oitenta quadros com tons claros e títulos incisivos”. Depois, de forma breve e apoiada na observação da história e da sociedade actual, falou da vida humana e da sua liquidificação que vão causando uma perda de profundidade e exigem uma mudança. Para isso, será preciso, entre outras coisas, encontrar os outros de uma forma séria, muito para além do simples clique. E sobre este assunto, referiu ainda a “enorme depressão que arrasa o ocidente”, diante da qual é preciso mais que um restauro e não ter receio de uma verdadeira reconfiguração. Porque estamos diante de uma “sociedade pobre em humanidade, apesar de rica, pesada, técnica, metálica”, à imagem da estátua que Nabucodunosor via em sonhos: os pés de barro não sustentaram tamanho ouro, riqueza e coração metálico.

Depois foi a vez do autor tomar a palavra, fazendo eco da mensagem que o livro apresenta. Todos são convidados a olhar o mundo, apesar do mistério que o envolve, da incapacidade para o entender e das múltiplas explicações que não cessam de aparecer. Diante das mudanças observadas, que causam fascínio e temor, há um convite que é dirigido a cada um, no sentido de mudar por dentro, deixando a superficialidade. Para o conseguir, o autor aconselha o homem de hoje a tomar “vitamina E”, ou seja, “vitamina espiritual”.

No fim da apresentação foi ainda anunciado para o próximo verão, o aparecimento de um novo livro, do mesmo autor, sobre a história do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios.

JD, in Voz de Lamego, ano 86/20, n.º 4357, 5 de abril de 2016

SEMANA DAS VOCAÇÕES | Editorial Voz de Lamego | 5 de abril

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A edição desta semana da Voz de Lamego abre, em destaque, com a Semana de Orações pelas Vocações, com o Editorial do seu Diretor, Pe. Joaquim Dionísio a situar-nos nesta semana e na Mensagem do Papa Francisco para o 53.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Assim iniciamos a leitura do Jornal Diocesano:

SEMANA DAS VOCAÇÕES

A semana das vocações começa no dia 10 e culmina no domingo seguinte, com o 53.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, sob o tema “Igreja, mãe de vocações”.

Vocação, no dizer de todos os dias, é sinónimo de atracção, disposição, gosto por uma profissão ou estado de vida. No fundo, trata-se de aspirar a um bem, a algo que se deseja. E todo o homem é um vocacionado, na medida em que é um ser chamado à vida e à realização pessoal (felicidade).

Mas compete a cada um assumir conscientemente a resposta e esforçar-se por atingir a meta, já que a escolha não pode ser deixada ao acaso e o caminho não se faz sem gosto, dedicação e disponibilidade. Pode ter ajudas, pedir conselhos, mas há uma decisão pessoal que não pode ser hipotecada e um esforço de que não pode dispensar-se. E nenhuma vida é inútil, apesar das dificuldades que encontra, da brevidade com que passa ou das limitações a que está sujeita. Neste sentido, será descabido pensar ou sentir que se ficou esquecido e só os outros foram escolhidos.

Numa linguagem mais eclesial, e assumindo o que atrás se disse, entende-se a vocação como dom da misericórdia divina para a edificação da Igreja, uma forma pessoal de viver a vida ao serviço da humanidade e da comunidade cristã, onde as vocações nascem, crescem e são sustentadas, tal como escreve o Papa na sua mensagem.

Esta “mediação comunitária”, que faz do caminho vocacional uma “con-vocação”, não pode ser descurada, em particular pelos sacerdotes, para quem “o cuidado pastoral das vocações é parte fundamental do seu ministério”.

Viver a Semana das Vocações é assumir como sua a missão de ajudar outros (oração, escuta, convite, partilha, acompanhamento…) a encontrar o caminho, nomeadamente, em Igreja.

in Voz de Lamego, ano 86/20, n.º 4357, 5 de abril de 2016