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Jubileu da Misericórdia | Confessores
O tempo litúrgico da Quaresma, entendido como preparação para um novo começo em que a conversão é indispensável, propicia a celebração da Reconciliação. Todos são convidados a assumirem os seus pecados e a experimentar a misericórdia do Pai: há tempo de confissões agendado e proposto em todas as paróquias, os párocos vizinhos disponibilizam-se para ajudar, há tempo de adoração e pregação (jubileus, 40 horas), a imposição das cinzas, o jejum e a abstinência…
Ao iniciarmos o caminho para a Páscoa, o sacramento da Reconciliação não poderia estar ausente destes singelos apontamentos; começamos pelos seus ministros (sacerdotes e bispos).
Na Bula para o Ano da Misericórdia, o Papa alegra-se com o crescente número de baptizados que se aproximam deste sacramento, sinal de um reencontro com o Senhor e de um redescobrir do sentido da vida. E deixa o apelo para que este sacramento seja posto no centro, “porque permite tocar mais sensivelmente a grandeza da misericórdia”, sendo para o penitente uma “fonte de verdadeira paz interior”.
Nesse sentido, a intenção do Papa é enviar pelo mundo os “missionários da misericórdia”, mandatados para “perdoar mesmo os pecados reservados à Sé Apostólica”, quais “artífices dum encontro cheio de humanidade, fonte de libertação, rico de responsabilidade para superar os obstáculos e retomar a vida nova do Baptismo” (MV 18).
Mas no número anterior (MV 17), Francisco apresenta também alguns conselhos para os confessores, a quem pede insistentemente que “sejam um verdadeiro sinal de misericórdia do Pai”.
Aqui ficam alguns:
– convida-os a prepararem-se para a missão, já que “ser confessor não se improvisa”;
– devem assumir-se como penitentes em busca do perdão, aprendendo com isso a tornarem-se confessores;
– ter consciência de que participam na missão de Jesus e são “sinal concreto do amor divino que perdoa e salva”;
– ter presente que receberam o dom do Espírito Santo para o perdão e são responsáveis por isso;
– nunca esquecer que o sacerdote não é “senhor do sacramento, mas apenas servo fiel do perdão de Deus”;
– acolher os féis como “o pai na parábola do filho pródigo”;
– alegrarem-se com aqueles que regressam à casa do pai e se arrependem;
– ir, também, ao encontro do outro filho, que ficou fora;
– não devem “fazer perguntas impertinentes”;
– sendo sinal do primado da misericórdia, devem esforçar-se por compreender cada um dos que encontram e disponibilizar-se para ajudar.
Por último, na entrevista que concedeu e que originou o aparecimento do livro “O nome de Deus é misericórdia”, o Papa volta a sublinhar a importância do “apostolado do ouvido”, convidando os confessores a mostrarem misericórdia com todos, concedendo até uma bênção aos que não podem ser absolvidos (p. 33). E, mais adiante, afirma que “no diálogo com o confessor é preciso ser ouvido e não interrogado” (p. 42).
JD, in Voz de Lamego, ano 86/12, n.º 4349, 9 de fevereiro de 2016