Santos para o Jubileu da Misericórdia
Todos os dias são uma oportunidade para os crentes se deixarem “surpreender por Deus”. Os santos, que a Igreja mostra como modelos de virtudes e exemplos a seguir, deixaram-se surpreender por Deus e nunca cessaram de O mostrar nas palavras e nos gestos que protagonizaram. A santidade cristã não é um acaso e nasce do olhar que não se distrai, como “dom de poder abraçar Deus e o homem ao mesmo tempo”.
Numa Igreja presente em todo o mundo, quantos pais e mães, filhos e avós, funcionários e empregadores, desportistas, catequistas, jovens e adultos, vizinhos ou gente de longe… não poderiam ser apresentados como exemplos a seguir?
Sta. Faustina Kowalska (1905-1938) e a alegria de anunciar a misericórdia. A primeira canonização do séc. XXI (30/04/2000), autora de um “Diário” com relatos de mensagens que Jesus lhe inspirou. A esta religiosa polaca se deve muita da devoção à misericórdia divina que João Paulo II se empenhou em instituir (Domingo da Divina Misericórdia).
Sta. Teresa de Lisieux ou Teresinha do Menino Jesus (1879-1897) e o reconhecimento ao Deus justo e misericordioso. A adolescente que cedo decide entregar-se a Deus, a Padroeira das Missões, a Doutora da Igreja… No livro “História de uma alma”, fruto dos três manuscritos deixados, escreveu: “O que agrada a Deus é ver-me amar a minha pequenez e a minha pobreza, por causa da cega esperança que tenho na sua misericórdia”.
St. Cura d’Ars, de seu nome João Maria Vianney (1786-1859), o humilde e empenhado ministro (servidor) da misericórdia e exemplo para os que, também hoje, são chamados a absolver em nome da Igreja e a perdoar em nome de Deus. “Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”.
São Vicente de Paulo (1581-1660) e a misericórdia para os últimos levou a que ficasse conhecido como “o santo das caridades”. A caridade não substitui a justiça e a ajuda que se presta não dispensa a alteração de opções que possibilitem uma vida digna para todos.
Beata Teresa de Calcutá (1910-1997) a canonizar este ano. Quem não recorda a sua figura franzina e as suas palavras interpeladoras? Dizia às religiosas: “A diferença entre nós e os técnicos sociais consiste nisto: eles agem por causa de alguma coisa; nós, pelo contrário, agimos por causa de Alguém. Nós servimos Jesus nos pobres”.
São João de Deus (1495-1550), um português que nos ensina a reconhecer Cristo no rosto sofredor de tantos, a começar nos “doentes mentais”, e que é considerado o “criador do hospital moderno”.
São João Bosco (1815-1888) e a misericórdia para com os pequeninos. Visto como um “génio da educação”, destacou-se pela forma como acolheu e ajudou milhares de jovens que recebeu nos seus Oratórios.
São Martinho de Porres (1579-1639) e a misericórdia para os marginalizados. Filho ilegítimo de um nobre e de uma escrava, nasceu no Peru e ficou conhecido como “Martinho da caridade”. No convento dominicano onde fora acolhido e no serviço de enfermagem que prestava, as suas curas eram inumeráveis, mas dizia aos doentes: “Eu trato-te; Deus cura-te”.
Aqui ficam estas referências e, sobretudo, o apelo para posteriores pesquisas e leituras. Porque não ler um livro, consultar a internet, eleger alguns como tema de reunião e formação, partilhar ensinamentos, reter e publicitar vivências e afirmações?…
J.D., in Voz de Lamego, ano 86/11, n.º 4348, 2 de fevereiro de 2016