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LIBERDADE PROFUNDA | Editorial Voz de Lamego | 5 de janeiro | 2016
O Jubileu da Misericórdia está aí com força, depois da abertura das Portas Santas da Misericórdia outras iniciativas para tornar visível e efetiva da Misericórdia de Deus, acentuando que a Igreja é verdadeiramente Casa de Misericórdia, propondo o amor e o perdão de Deus, que se manifesta em gestos concretos de caridade, de serviço, de solidariedade.
A primeira edição da Voz de Lamego deste ano civil de 2016 segue de perto iniciativas, celebrações e reflexões à volta da Misericórdia e deste Jubileu Extraordinário, mas muitas outras temáticas, notícias, eventos, reflexões.
O Editorial Voz de Lamego, do Pe. Joaquim Dionísio, remete-nos para a Mensagem papal para o Dia Mundial da paz de 2016…
LIBERDADE PROFUNDA
O primeiro dia do ano ficou também marcado pela saudação do Papa ao mundo, nomeadamente através da mensagem para a 49.ª jornada mundial pela paz, “Vence a indiferença e conquista a paz”.
Numa época marcada pela violência de alguns e pelo sofrimento de tantos, a voz do Pontífice recorda ao homem as suas capacidades para fazer mais e melhor, permitindo-lhe manter viva a esperança e evitar a resignação e a indiferença. Por isso, descomprometer-se da edificação de um tempo e de um mundo novos será sinónimo de rejeição dos dons recebidos para o bem de si e de todos.
Mas a mensagem papal pode ser também lida como um convite à busca de uma liberdade autêntica, muito além da possibilidade de dizer ou fazer o que apetece.
Certamente que se deve buscar e preservar uma liberdade que permita, a todos e a cada um, expressar desejos e vontades ou escolher caminhos a percorrer, mas aqui tratar-se-á de uma liberdade mais profunda, espiritual, onde cada um seria também capaz de resistir à publicidade e à obrigação de consumir; uma liberdade capaz de pensar que a felicidade da vida reside, antes de mais, no encontro, na amizade, na escuta; uma liberdade graças à qual cada um seria vencedor diante do mal e da tentação. Um mal/tentação que pode chamar-se burocracia (quando asfixia e afasta), economia desencarnada (quando esquece as pessoas), ciência (quando acredita que tudo lhe é permitido), relativismo (quando o egocentrismo preside)…
Por estes dias é comum e salutar desejar um bom ano a quantos nos acompanham na caminhada da vida. Neste jornal também o fazemos, expressando o desejo de que cada um se comprometa ao serviço de uma liberdade mais profunda, aquela que dá a certeza do essencial, fruto da fé vivida.
Bom Ano.
in Voz de Lamego, ano 86/09, n.º 4344, 5 de janeiro de 2016