GUARDAR A CRIAÇÃO | Editorial Voz de Lamego | 15 de dezembro
Destaque especial nesta edição da Voz de Lamego para o Início do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, com a Abertura das Portas Santas, na Sé de Lamego e no Santuário da Lapa, no passado domingo, 13 de dezembro de 2015. mas outros temas preenchem o Jornal Diocesano, informando-nos e desafiando-nos.
A leitura poderá começar precisamente com o Editorial do nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, que parte da Cimeira sobre o Ambiente que se realizou em Paris e que merecer os focos da comunicação social dos últimos dias, pese embora os ataques terroristas que pareciam ensombrar outros acontecimentos:
GUARDAR A CRIAÇÃO
A cimeira sobre o ambiente e a sua preservação decorreu em Paris. A cidade-luz, que dias antes fora palco de mais um cobarde atentado terrorista, acolheu delegações de todo o mundo para um debate sobre medidas a empreender para a salvaguarda da “casa comum”.
Apesar dos estudos publicados e dos consecutivos apelos à mudança, da pressão mediática e da presença de organizações ambientalistas, das evidências divulgadas (desertificação dos solos, desflorestação das selvas, inquinação das águas, devastação do ambiente, destruição…), mais uma vez, o mundo assistiu à grande dificuldade que foi aprovar as necessárias resoluções. As prolongadas negociações lá conseguiram obter consensos, mas sempre com grande relutância de quem mais polui e ficando aquém do desejado. As alterações climáticas e suas consequências vão continuar porque falta coragem para combater as suas causas.
O Papa Francisco já havia dado o mote com a encíclica Laudato Si, onde desafiou todos, a começar pelos que detêm o poder de governar, a olharem para o mundo como um bem a preservar, de que é preciso cuidar para legar aos vindouros, e não uma realidade a desbaratar.
No fundo, trata-se de assumir e defender uma cultura de vida, o que inclui uma nova atitude perante a criação e levanta a questão ecológica: “Amemos este magnífico planeta onde Deus nos coloca e amemos a humanidade que o habita” (EG 183). Porque o homem deve ser o guardião da criação.
É verdade que algo se vai conseguindo, que a consciência ecológica vai crescendo, que algumas práticas se alteram, mas os mais poluidores tardam em assumir uma posição mais radical. Entretanto, os estudos vão mostrando urgências e os mais pobres e menos poluidores vão sofrendo com o comportamento egoísta dos mais poderosos.
in Voz de Lamego, ano 85/54, n.º 4341, 15 de dezembro