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Archive for 12/11/2015

Fundação Gaspar e Manuel Cardoso de Armamar

R5 - 000111

Apoio social

Em substituição de um velho edifício, foi inaugurado no dia 08/11/2015 com a presença dos Corpos Diretivos, entidades autárquicas e eclesiásticas da localidade, o novo Lar para Idosos da Fundação Gaspar e Manuel Cardoso de Armamar. Destaque para a presença da nossa Ministra de Estado e das Finanças Dra. Maria Luís Albuquerque que aqui encontra as suas raízes familiares e do Dr. Telmo Antunes, Diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Viseu e vários Deputados do Distrito de Viseu.

O Hospital da Vila

Quem atravessa a nossa vila de Armamar, mesmo de forma distraída, com certeza, que não lhe passa despercebido o edifício denominado, pomposamente, Hospital – Fundação Gaspar e Manuel Cardoso. Digo “pomposamente” porque de hospital resta, somente, o edifício, aliás elegante e bem construído, obra da firma Jorge Pereira Limitada sedeada, na época da construção, em Lisboa.

Se elaborássemos uma sondagem, rápida, e, nela, inquiríssemos o transeunte sobre a identidade dos nomes inscritos na frontaria do edifício, penso que poucos conheceriam algo das suas vidas, embora muitos tivessem usufruído, já, das benesses da sua obra. Mais fácil seria encontrar testemunhos referentes à contabilização dos “benefícios” dispensados.

Uma Fundação

A Fundação Gaspar e Manuel Cardoso, vem de longa data. A sua origem remonta ao testamento do seu instituidor Manuel Cardoso Pereira, também conhecido como Manuel Cardoso, datado de 24/10/1921. Tendo passado por numerosas vicissitudes foi, somente, em 18/10/1956 que esta deu os seus primeiros passos com a necessária aprovação dos seus estatutos. Ressalta a vontade de atribuir a esta instituição a denominação de Gaspar e Manuel Cardoso, dado que Manuel Cardoso foi herdeiro de seu tio Gaspar, já falecido e a quem pretendia, desta forma, homenagear.

Gaspar e Manuel Cardoso, tio e sobrinho, foram naturais de Vacalar, pequena freguesia do concelho. Manuel Cardoso Pereira, foi comerciante, assim como seu tio, e morador na cidade do Porto onde veio a falecer em 03/12/ 1953.

Conseguiram angariar fortuna avultada, fruto do seu esforço e trabalho persistentes. Vivendo modestamente, este tio e sobrinho, dedicaram toda a sua vida profissional ao comércio de couros, possuindo e gerindo vários estabelecimentos deste ramo na cidade do Porto, assim como uma fábrica de curtumes.

Amantes da sua terra, cujas raízes nunca esqueceram, quiseram dotar os seus conterrâneos de um apoio humano e social, em todas as etapas de vida, da infância à idade sénior, com Creche, Hospital e Lar de Idosos, apoios, na ocasião, inexistentes nesta região do interior.

Para a construção  surgiram dificuldades na aquisição e expropriação dos terrenos, pertencentes ao casal senhor Hermano e sua esposa D. Maria dos Santos

Inaugurado por Sua Excelência o Senhor Ministro da Saúde e Assistencia Dr. Neto de Carvalho, a 27-11-66, como Hospital Sub-regional de Armamar, começou a funcionar com consultas, banco de urgências, internamentos e nas valências de medicina geral, cirurgia, obstetrícia, estomatologia, e assim se manteve até 1979. Possuía cinco pisos com uma capacidade superior a meia centena de camas.

Após esta data de 1979 foi transformado em Centro de Saúde e em 1993 implementou-se o Lar de Idosos, e de Idosos Dependentes, terminando a valência de hospital, com a devolução, após a sua anterior nacionalização, de parte do edifício, de acordo com as diretivas do Ministério da Saúde.

Em 1986 foram inaugurados a creche e o pré-escolar, num edifício construído em terreno circundante, os quais continuam em atividade plena e, cujo edifício, foi, completamente, remodelado no ano transacto.

A valência de creche tem capacidade para 38 utentes sendo 26 apoiados, por acordo, com a Segurança Social, Pré-escolar com capacidade para 50 utentes sendo 27 apoiados, por acordo, pela Segurança Social, Ministério da Educação e Camara Municipal.

A concretização destes propósitos demorou alguns anos a pôr em prática e não foi fácil dar início às atividades preconizadas no testamento, dado que familiares do benemérito, em ação judicial por eles proposta, tentariam, sem êxito, a respetiva anulação

Concretizou-se, todavia, o sonho destes Homens, cujos nomes ficarão gravados na história da nossa Vila, É bom que as gerações atuais e as futuras, recordem a sua atitude generosa e altruísta, da qual continuamos a beneficiar.

 Destacando-se nesta paisagem rural, estes edifícios continuam a servir a população e marcam presença digna na contabilidade das “benfeitorias”.

Um novo espaço

Celebra-se no dia 27 de Novembro do próximo ano de 2016 o cinquentenário da inauguração do velho edifício, que a partir desta data, fica devoluto, com exceção do Centro de Saúde que nele continua a funcionar assim como a cozinha. São as suas bodas de ouro.

A passagem do tempo deixa, forçosamente, a sua marca implacável. Por isso, no que concerne ao lar de idosos havia necessidade urgente de aumentar a sua capacidade e fazer reparações de fundo cujo orçamento seria avultado.

Decidiu, então, a Direção da Fundação, edificar um novo edifício, em terrenos contíguos que, em parte, foram adquiridos para este efeito. Construído de raiz, oferece, sem dúvida, ótimas condições de conforto e de capacidade de acolhimento, para os utentes efetivos e outros que, no futuro, venham a precisar deste apoio social. Pode acolher 73 idosos, embora tenham apoio da Segurança Social, somente, 30 idosos e 15 idosos dependentes.

Quanto ao velho edifício terá, certamente, uma futura utilização, que passará, forçosamente, depois de uma necessária adaptação, por uma nova valência, de acordo com as necessidades de apoio nesta área da saúde. Não haveria melhor comemoração do cinquentenário, bodas de ouro, que se avizinha, do que a inauguração, nessa data, das novas valências deste velho edifício, já remodelado e em atividade plena. Não é crime sonhar.

Gratidão merecida

Não se devem esquecer, todavia, na hora da inauguração, os andaimes que suportaram a construção. Estão de parabéns todas as direções, médicos, enfermeiros, serviços administrativos, pessoal auxiliar, Camara Municipal, Junta de Freguesia e tantos outros trabalhadores que iniciaram, conservaram e desenvolveram, ao longo destes quase cinquenta anos, este apoio a toda a população concelhia.

Igualmente, importa felicitar quantos se empenharam, apoiados por fundos comunitários, relacionados com o programa O Novo Norte, Programa Operacional Regional do Norte, na construção desta nova estrutura que dignifica a nossa vila, a começar pelas Direções da Fundação, pelo empreiteiro e seus operários.

É, sobretudo, a hora de lembrar os seus fundadores e todos quantos iniciaram o funcionamento da Fundação. É imperativo de justiça, recordar, entre muitos outros, o Sr. Dr. José Maria Calejo, o Sr. Arcipreste de Armamar, Pe Francisco António dos Santos, o primeiro Secretário do Conselho de Administração, Samuel das Neves Aguiar e seus funcionários administrativos, assim como, as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, as quais deram o seu contributo desde Dezembro de 1966 até Fevereiro de1992 de forma dedicada, dia e noite, auferindo honorários simbólicos, pelo menos, até à criação do Serviço Nacional de Saúde.

Fecha-se desta forma uma página bela desta Fundação; outra se abre dentro da mesma filosofia de bem servir.

A gratidão é o sentimento mais nobre do Homem. Por isso, e para que conste, aqui, fica a expressão a nossa gratidão.

 

Pe Artur Mergulhão, in Voz de Lamego, ano 85/50, n.º 4337, 10 de novembro

Pe. Filipe Gonçalves da Fonseca nas Mãos de Deus | 1932-2015

P. Filipe Gonçalves da Fonseca (6)

(Pe. Filipe à esquerda de D. Jacinto Botelho)

Ser esbanjador dos dons de Deus

Padre Filipe da Fonseca (14/10/1932 – 06/11/2015)

Na passada sexta-feira, dia 6 de novembro, faleceu o padre Filipe Gonçalves da Fonseca, sacerdote do nosso presbitério e sobre quem havíamos dado a notícia do seu internamento hospitalar na passada semana.

O Padre Filipe era natural de Penude, onde nasceu no dia 14 de outubro de 1932, e era filho de Francisco Rodrigues da Fonseca e de Emília Gonçalves. Após ter frequentado os nossos Seminários, foi ordenado Diácono no dia 18 de dezembro de 1954, na capela do Seminário, na Casa do Poço, onde actualmente está instalado o Museu e arquivos diocesanos, frente à Sé. No mesmo espaço foi ordenado Presbítero, no dia 15 de agosto de 1955, por D. João da Silva Campos Neves.

Dois meses depois da ordenação, 15 de outubro de 1955, foi nomeado pároco de vale de Figueira a Velha, S. João da Pesqueira. Após quatro anos, no dia 19 de Setembro de 1959, recebeu a nomeação para pároco de Pretarouca (Lamego) e de Feirão (Resende). Três anos depois, em 1962, saiu deste espaço pastoral e foi nomeado para a zona de Tabuaço, mais concretamente para as paróquias de Paradela e Granjinha. Mais tarde acumulou também a paroquialidade de Távora e de Aldeia de Sendim. Quando as forças foram faltando, saiu das paróquias e assumiu a missão de capelão num lar de idosos de Barcos, Tabuaço, residindo nesta vila duriense.

As cerimónias exequiais desenrolaram-se em dois momentos: às 9h foi celebrada uma Eucaristia na igreja paroquial de Tabuaço, a que presidiu o Padre João Carlos Morgado, Pró-Vigário Geral, e às 11h uma outra na igreja matriz da sua paróquia natal, Penude, presidida por D. António Couto. O seu corpo foi sepultado no cemitério de Penude.

Na homilia, lembrando que estamos sempre diante de Deus, o nosso bispo falou da missão do padre como administrador dos dons de Deus. E, nessa linha, convidou todos os presentes a serem “esbanjadores das riquezas de Deus”, porque ser esbanjador dos bens recebidos de Deus, é ser “bom, excelente administrador”. Passa por aqui a missão do sacerdote, que o Padre Filipe procurou cumprir ao longo da sua vida.

A nossa oração.

JD, in Voz de Lamego, ano 85/50, n.º 4337, 10 de novembro