SÍNODO DA FAMÍLIA | Editorial Voz de Lamego | 13 de outubro
O Editorial da Voz de Lamego aviva um dos acontecimentos importantes que a Igreja está a viver, o Sínodo dos Bispos sobre a Família, procurando acolher a família como um dom para a Igreja e para o mundo, ajudando a encontrar caminhos para melhor viver a fé no mundo atual.
O Pe. Joaquim Dionísio sublinha a proximidade ao Jubileu da Misericórdia que pode ajudar a Igreja a ir mais longe, discernindo o Espírito que age no nosso tempo, procurando a fidelidade a Jesus Cristo.
Muitos outros pontos de interesse tem a edição desta semana, a começar pelo tema de capa, o Dia Mundial das Missões, com a Mensagem do Papa Francisco para esta Jornada.
SÍNODO DA FAMÍLIA
Os olhos de muitos estão voltados para Roma, não à espera da salvação, mas atentos às conclusões do Sínodo dos Bispos que ali decorre, entre os dias 04 e 25 deste mês. Na sua função consultiva, no final dos trabalhos, este órgão eclesial endereçará ao Papa algumas “proposições” que poderão ser tidas em conta na habitual Exortação pós-sinodal e nas (re)orientações pastorais.
O tema em debate – a família – já havia motivado e ocupado, extraordinariamente, a assembleia sinodal no ano passado. Nessa altura, a preparação do singular encontro motivou a participação dos fiéis de todo o mundo, contribuindo para as expectativas então surgidas, a que não estará alheia, também, uma certa postura papal. Os destinatários dessa consulta pré-sinodal e os participantes no Sínodo foram “desafiados” por Francisco a não terem medo das questões e a falarem frontal e abertamente (parresia) sobre o assunto.
Este segundo momento sinodal não desencadeou tanta curiosidade, mas esperam-se novidades, mesmo que não sejam “espectaculares”! Não se trata de esperar mudanças doutrinais nem de pôr em causa a inquestionável doutrina da indissolubilidade. Há fundamentadas expectativas de se poderem vislumbrar novas atitudes pastorais que respondam ao sofrimento de tantos casais recasados que vivem a angústia de não poderem comungar ou assumir determinadas responsabilidades.
No passado, a Igreja soube interpretar a realidade e responder oportunamente sem se afastar do Evangelho e permanecendo perto do Homem. O mesmo deverá acontecer agora, sob pena de contribuir para um sentimento de frustração em tantos que anseiam por respostas. Acreditamos nas capacidades humanas dos membros sinodais para acolher e interpretar a voz do Espírito.
Na proximidade do Ano da Misericórdia, sem cair no facilitismo ou popularismo, talvez seja possível ir um pouco mais longe, porque “a misericórdia não teme o julgamento”.
in Voz de Lamego, ano 85/46, n.º 4333, 13 de outubro