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Mensagem de FRANCISCO para o 89.º Dia Mundial das MISSÕES 2015
Queridos irmãos e irmãs,
Neste ano de 2015, o Dia Mundial das Missões tem como pano de fundo o Ano da Vida Consagrada, que serve de estímulo para a sua oração e reflexão. Na verdade, entre a vida consagrada e a missão subsiste uma forte ligação, porque, se todo o baptizado é chamado a dar testemunho do Senhor Jesus, anunciando a fé que recebeu em dom, isto vale de modo particular para a pessoa consagrada. O seguimento de Jesus, que motivou a aparição da vida consagrada na Igreja, é reposta à chamada para se tomar a cruz e segui-Lo, imitar a sua dedicação ao Pai e os seus gestos de serviço e amor, perder a vida a fim de a reencontrar. E, dado que toda a vida de Cristo tem carácter missionário, os homens e mulheres que O seguem mais de perto assumem plenamente este mesmo carácter.
A dimensão missionária, que pertence à própria natureza da Igreja, é intrínseca também a cada forma de vida consagrada, e não pode ser transcurada sem deixar um vazio que desfigura o carisma. A missão não é proselitismo, nem mera estratégia; a missão faz parte da «gramática» da fé, é algo de imprescindível para quem se coloca à escuta da voz do Espírito, que sussurra «vem» e «vai». Quem segue Cristo não pode deixar de tornar-se missionário, e sabe que Jesus «caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 266).
A missão é uma paixão por Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, uma paixão pelas pessoas. Quando nos detemos em oração diante de Jesus crucificado, reconhecemos a grandeza do seu amor, que nos dignifica e sustenta e, simultaneamente, apercebemo-nos de que aquele amor, saído do seu coração trespassado, estende-se a todo o povo de Deus e à humanidade inteira; e, precisamente deste modo, sentimos também que Ele quer servir-Se de nós para chegar cada vez mais perto do seu povo amado (cf. Ibid., 268) e de todos aqueles que O procuram de coração sincero. Na ordem de Jesus – «Ide» –, estão contidos os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja. Nesta, todos são chamados a anunciar o Evangelho pelo testemunho da vida; e, de forma especial aos consagrados, é pedido para ouvirem a voz do Espírito que os chama a partir para as grandes periferias da missão, entre os povos onde ainda não chegou o Evangelho.
O cinquentenário do Decreto conciliar Ad gentes convida-nos a reler e meditar este documento que suscitou um forte impulso missionário nos Institutos de Vida Consagrada. Nas comunidades contemplativas, recobrou luz e eloquência a figura de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, como inspiradora da íntima ligação que há entre a vida contemplativa e a missão. Para muitas congregações religiosas de vida activa, a ânsia missionária surgida do Concílio Vaticano II concretizou-se numa extraordinária abertura à missão ad gentes, muitas vezes acompanhada pelo acolhimento de irmãos e irmãs provenientes das terras e culturas encontradas na evangelização, de modo que hoje pode-se falar de uma generalizada interculturalidade na vida consagrada. Por isso mesmo, é urgente repropor o ideal da missão com o seu centro em Jesus Cristo e a sua exigência na doação total de si mesmo ao anúncio do Evangelho. Nisto não se pode transigir: quem acolhe, pela graça de Deus, a missão, é chamado a viver de missão. Para tais pessoas, o anúncio de Cristo, nas múltiplas periferias do mundo, torna-se o modo de viver o seguimento d’Ele e a recompensa de tantas canseiras e privações. Qualquer tendência a desviar desta vocação, mesmo se corroborada por nobres motivações relacionadas com tantas necessidades pastorais, eclesiais e humanitárias, não está de acordo com a chamada pessoal do Senhor ao serviço do Evangelho. Nos Institutos Missionários, os formadores são chamados tanto a apontar, clara e honestamente, esta perspectiva de vida e acção, como a discernir com autoridade autênticas vocações missionárias. Dirijo-me sobretudo aos jovens, que ainda são capazes de testemunhos corajosos e de empreendimentos generosos e às vezes contracorrente: não deixeis que vos roubem o sonho duma verdadeira missão, dum seguimento de Jesus que implique o dom total de si mesmo. No segredo da vossa consciência, interrogai-vos sobre a razão pela qual escolhestes a vida religiosa missionária e calculai a disponibilidade que tendes para a aceitar por aquilo que é: um dom de amor ao serviço do anúncio do Evangelho, nunca vos esquecendo de que o anúncio do Evangelho, antes de ser uma necessidade para quantos que não o conhecem, é uma carência para quem ama o Mestre.
Hoje, a missão enfrenta o desafio de respeitar a necessidade que todos os povos têm de recomeçar das próprias raízes e salvaguardar os valores das respectivas culturas. Trata-se de conhecer e respeitar outras tradições e sistemas filosóficos e reconhecer a cada povo e cultura o direito de fazer-se ajudar pela própria tradição na compreensão do mistério de Deus e no acolhimento do Evangelho de Jesus, que é luz para as culturas e força transformadora das mesmas.
Dentro desta dinâmica complexa, ponhamo-nos a questão: «Quem são os destinatários privilegiados do anúncio evangélico?» A resposta é clara; encontramo-la no próprio Evangelho: os pobres, os humildes e os doentes, aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não te podem retribuir (cf. Lc 14, 13-14). Uma evangelização dirigida preferencialmente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer: «existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 48). Isto deve ser claro especialmente para as pessoas que abraçam a vida consagrada missionária: com o voto de pobreza, escolhem seguir Cristo nesta sua preferência, não ideologicamente, mas identificando-se como Ele com os pobres, vivendo como eles na precariedade da vida diária e na renúncia ao exercício de qualquer poder para se tornar irmãos e irmãs dos últimos, levando-lhes o testemunho da alegria do Evangelho e a expressão da caridade de Deus.
Para viver o testemunho cristão e os sinais do amor do Pai entre os humildes e os pobres, os consagrados são chamados a promover, no serviço da missão, a presença dos fiéis leigos. Como já afirmava o Concílio Ecuménico Vaticano II, «os leigos colaboram na obra de evangelização da Igreja e participam da sua missão salvífica, ao mesmo tempo como testemunhas e como instrumentos vivos» (Ad gentes, 41). É necessário que os consagrados missionários se abram, cada vez mais corajosamente, àqueles que estão dispostos a cooperar com eles, mesmo durante um tempo limitado numa experiência ao vivo. São irmãos e irmãs que desejam partilhar a vocação missionária inscrita no Baptismo. As casas e as estruturas das missões são lugares naturais para o seu acolhimento e apoio humano, espiritual e apostólico.
As Instituições e as Obras Missionárias da Igreja estão postas totalmente ao serviço daqueles que não conhecem o Evangelho de Jesus. Para realizar eficazmente este objectivo, aquelas precisam dos carismas e do compromisso missionário dos consagrados, mas também os consagrados precisam duma estrutura de serviço, expressão da solicitude do Bispo de Roma para garantir de tal modo a koinonia que a colaboração e a sinergia façam parte integrante do testemunho missionário. Jesus colocou a unidade dos discípulos como condição para que o mundo creia (cf. Jo 17, 21). A referida convergência não equivale a uma submissão jurídico-organizativa a organismos institucionais, nem a uma mortificação da fantasia do Espírito que suscita a diversidade, mas significa conferir maior eficácia à mensagem evangélica e promover aquela unidade de intentos que é fruto também do Espírito.
A Obra Missionária do Sucessor de Pedro tem um horizonte apostólico universal. Por isso, tem necessidade também dos inúmeros carismas da vida consagrada, para dirigir-se ao vasto horizonte da evangelização e ser capaz de assegurar uma presença adequada nas fronteiras e nos territórios alcançados.
Queridos irmãos e irmãs, a paixão do missionário é o Evangelho. São Paulo podia afirmar: «Ai de mim, se eu não evangelizar!» (1 Cor 9, 16). O Evangelho é fonte de alegria, liberdade e salvação para cada homem. Ciente deste dom, a Igreja não se cansa de anunciar, incessantemente, a todos «O que existia desde o princípio, O que ouvimos, O que vimos com os nossos olhos» (1 Jo 1, 1). A missão dos servidores da Palavra – bispos, sacerdotes, religiosos e leigos – é colocar a todos, sem excluir ninguém, em relação pessoal com Cristo. No campo imenso da actividade missionária da Igreja, cada baptizado é chamado a viver o melhor possível o seu compromisso, segundo a sua situação pessoal. Uma resposta generosa a esta vocação universal pode ser oferecida pelos consagrados e consagradas através duma vida intensa de oração e união com o Senhor e com o seu sacrifício redentor.
Ao mesmo tempo que confio a Maria, Mãe da Igreja e modelo de missionariedade, todos aqueles que, ad gentes ou no próprio território, em todos os estados de vida, cooperam no anúncio do Evangelho, de coração concedo a cada um a Bênção Apostólica.
Vaticano, 24 de Maio – Solenidade de Pentecostes – de 2015.
FRANCISCO
PAPA FRANCISCO e o convite a abrir-se aos milagres do amor
Na homilia proferida na Missa do encerramento do VIII Encontro Mundial das Famílias, em Filadélfia, no domingo passado, na qual participaram mais de um milhão de fiéis, o Papa exortou os cristãos e as famílias, em particular, a abrirem-se aos milagres do amor, acreditando na ação de Deus que “ultrapassa a burocracia” e os “círculos restritos” e quer que “todos os seus filhos tomem parte na festa do Evangelho”.
O Santo Padre afirmou que Jesus nos diz para não colocarmos obstáculos ao que é bom, mas, pelo contrário, devemos ajudar a crescer. E essa é a “obra do Espírito”, viver a santidade e a felicidade dos pequenos gestos: b“São gestos de mãe, de avó, de pai, de avô, de filho. São gestos de ternura, de afeto, de compaixão. Gestos, como o prato quente de quem espera para jantar, como o café da manhã de quem sabe acompanhar o levantar na alvorada. São gestos familiares. É a bênção antes de dormir, e o abraço ao regressar duma jornada de trabalho. O amor exprime-se em pequenas coisas, na atenção mínima ao quotidiano e que fazem com que a vida tenha sempre sabor de casa. A fé cresce, quando é vivida e plasmada pelo amor. Por isso, as nossas famílias, as nossas casas são autênticas igrejas domésticas: são o lugar ideal onde a fé se torna vida e a vida cresce na fé.”
“Quem dera que cada um de nós se abrisse aos milagres do amor a bem de todas as famílias do mundo, para assim podermos superar o escândalo dum amor mesquinho e desconfiado, fechado em si mesmo, sem paciência com os outros! Deixo-vos uma pergunta: “Na minha casa grita-se ou fala-se com amor e ternura? É uma boa maneira para medir o nosso amor.”
Reintegração moral e social
Após o encontro com os Bispos que participam do VIII Encontro Mundial das Famílias em Filadélfia, provenientes de diversos países, o Santo Padre visitou a Prisão Curram-Fromhold, a maior de Filadélfia, com quase dois mil e 800 detidos. O Papa foi recebido pelos responsáveis da penitenciária e pelo capelão, que o acompanharam até o salão, onde estavam reunidos 100 detidos.
O Papa disse visitar aquela prisão como pastor, mas sobretudo como irmão, para rezar com eles e encorajá-los. Por isso, citou a passagem evangélica do lava-pés, um nobre gesto de serviço, de humildade, de vida. Jesus procura curar as nossas feridas, as nossas chagas, a nossa solidão. Ele vem ao nosso encontro para nos dar a vida, a dignidade de filhos de Deus, a fé e a esperança. Na nossa vida, continuou o Pontífice, precisamos sempre de ser purificados e encorajados. Neste período de detenção, de modo particular, é necessária uma mão que ajude a reintegração social, desejada por todos: reclusos, famílias, funcionários, políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e eleva o nível moral de todos. E concluiu: “Quero encorajá-los a manter esta atitude entre vocês e entre todas as pessoas, que de alguma maneira fazem parte deste Instituto. Sejam artífices de oportunidades, artífices de novos caminhos. Todos temos que ser purificados. Despertemo-nos para a solidariedade. Fixemos os olhos em Jesus que nos lava os pés: Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Que a força do seu amor e da sua Ressurreição seja sempre um meio para a vida nova”.
É bom ter sonhos e lutar por eles
Francisco visitou, na sexta-feira, a escola Nossa Senhora Rainha dos Anjos, no bairro do Harlem, em Nova Iorque. Quase 300 crianças receberam o Papa Francisco, que fez um breve discurso. Ao chegar, o Papa brincou: “peço desculpas se ‘roubo’ alguns minutos da aula”. A maioria dos alunos é de filhos de imigrantes latino-americanos e de afro-americanos. “Explicaram-me que uma das bonitas características desta escola – e deste trabalho – é que alguns alunos vieram de outros lugares, até mesmo de outros países”, disse Francisco ao incentivar a vida da grande família que se forma na escola. Ao recordar o reverendo Martin Luther King, cujo nome identifica uma rua próxima à escola, o Papa lembrou da frase imortalizada pelo pastor evangélico: “Eu tenho um sonho”. E concluiu: É bom ter sonhos e lutar por eles. Onde há sonhos, há alegria, aí sempre está Jesus, sempre”.
Superar crise ambiental e social
Depois do histórico discurso no Congresso dos Estados Unidos, em Washington, na sexta-feira o Papa Francisco cumpriu mais uma etapa marcante desta sua viagem ao discursar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Diante de mais de 170 chefes de Estado e de governo, do Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, o Pontífice definiu a sua visita como uma continuação daquelas realizadas por seus predecessores: Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI. Francisco reconheceu o esforço das Nações Unidas em dar uma resposta jurídica e política às complexas situações mundiais. “Apesar de serem muitos os problemas graves por resolver, todavia é seguro e evidente que, se faltasse toda esta atividade internacional, a humanidade poderia não ter sobrevivido ao uso descontrolado das suas próprias potencialidades”, constatou o Papa.
O Pontífice falou ainda dos órgãos com capacidade executiva real, como o Conselho de Segurança e Organismos Financeiros Internacionais. Estes, todavia, devem velar pelo desenvolvimento sustentável dos países, e não sufocá-los com sistemas de crédito que levam as populações a maior pobreza, exclusão e dependência. “Dar a cada um o que lhe é devido, segundo a definição clássica de justiça, significa que nenhum indivíduo ou grupo humano se pode considerar omnipotente, autorizado a pisar a dignidade e os direitos dos outros indivíduos ou dos grupos sociais.”
Todo o discurso de Francisco foi inspirado nas reflexões propostas em sua Encíclica Laudato si. O Papa reforçou dois direitos: o direito à existência da natureza e os direitos da pessoa humana. “Qualquer dano ao meio ambiente é um dano à humanidade. (…) O abuso e a destruição do meio ambiente aparecem associados com um processo ininterrupto de exclusão. Na verdade, uma ambição egoísta e ilimitada de poder e bem-estar material leva tanto a abusar dos meios materiais disponíveis, como a excluir os fracos e os menos hábeis. A exclusão económica e social é uma negação total da fraternidade humana e um atentado gravíssimo aos direitos humanos e ao ambiente.”
As mulheres na vida da Igreja
É certo que a Igreja nos Estados Unidos tem dado muita atenção à catequese e à educação, mas permanece de pé o desafio de construir alicerces sólidos e promover um sentido de colaboração e responsabilidade compartilhada quando se programa o futuro das paróquias e instituições. E sem descurar a autoridade espiritual, há que valorizar todos os dons que o Espírito concede à Igreja – insistiu Francisco, dizendo que, de modo particular, isto “significa valorizar a contribuição imensa que as mulheres, leigas e consagradas, deram e continuam a dar à vida das nossas comunidades”.
in Voz de Lamego, ano 85/44, n.º 4331, 29 de setembro
Papa FRANCISCO quer proposta positiva sobre a família e o matrimónio
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Encontro das famílias
O Papa pediu, em Filadélfia, um discurso católico mais centrado na proposta positiva sobre a família, em particular junto dos jovens, que vivem num “medo inconsciente” do matrimónio e da vida conjugal. “Enganar-nos-íamos se interpretássemos a desafeição, que a cultura do mundo atual tem pelo matrimónio e a família, só em termos de puro e simples egoísmo. Há muitos que adiam o matrimónio à espera das condições ideais de bem-estar e, entretanto, a vida é consumida, sem sabor”, afirmou, num encontro com cerca de 300 bispos católicos que participam no 8.º Encontro Mundial das Famílias (EMF), na capela do Seminário de São Carlos Borromeu, em Filadélfia.
A uma semana de dar início a uma nova assembleia do Sínodo dos Bispos, Francisco pediu que os responsáveis católicos concentrem energias “não tanto para explicar uma vez e outra os defeitos da condição atual e os valores do cristianismo”, mas como sobretudo para “convidar com audácia os jovens a ser ousados na opção do matrimónio e da família”.
O Papa admitiu que a cultura contemporânea “empurra e convence os jovens a não formar uma família”, seja por falta de meios, seja por excesso de recursos e comodismo. “A cultura atual parece incentivar as pessoas para entrarem na dinâmica de não se prender a nada nem a ninguém. Não confiar, nem fiar-se”, acrescentou.
Francisco alertou para a tendência, também a nível religioso, de “correr atrás da última tendência”, assumindo que vive um “difícil período de transição”, por causa da “profunda transformação do contexto atual, que incide sobre a cultura social – e lamentavelmente também legal – dos laços familiares”, atingindo crentes e não-crentes. “Indo atrás do que «me agrada», olhando ao aumento do número de «seguidores» numa rede social qualquer, as pessoas seguem a proposta oferecida por esta sociedade contemporânea. Uma solidão com medo do compromisso, numa busca frenética de sentir-se reconhecido”, assinalou.
Face a uma cultura que adquiriu uma “dinâmica competitiva” e transformou a sociedade numa “imensa vitrina multicultural, atenta apenas aos gostos de alguns «consumidores»”, a Igreja não pode “condenar” os jovens por terem crescido neste contexto. “Devemos anematizá-los porque vivem neste mundo? Será necessário ouvirem da boca dos seus pastores frases como estas: «dantes era melhor», «o mundo está um desastre e, se continuar assim, não sabemos como iremos acabar»?”, questionou.
O Papa disse que este discurso de lamento “parece um tango argentino”, desafiando os bispos a, pelo contrário, “procurar, acompanhar, erguer, curar as feridas” dos dias de hoje. “Atrevo-me a dizer que uma das principais pobrezas ou raízes de muitas situações contemporâneas é a solidão radical a que se vêem forçadas muitas pessoas”, insistiu.
Francisco recordou que, sem famílias, a Igreja não existiria, elogiando todos os que, mesmo nas mais “duras provas”, honram as suas promessas e guardam a fé. “Deus nos conceda o dom de uma nova proximidade entre a família e a Igreja. A família é o nosso aliado, a nossa janela aberta para o mundo, a evidência duma bênção irrevogável de Deus”, concluiu o Papa.
in Voz de Lamego, ano 85/44, n.º 4331, 29 de setembro