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Pe. Manuel João | Juventude dada por Deus e oferecida a Deus
A notícia correu célere na manhã de 23 de Setembro: o Padre Manuel João fora encontrado sem vida na residência paroquial de Vilarouco, S. João da Pesqueira, onde residia há quatro anos, os mesmos que levava de sacerdócio e de pároco daquela terra, a que se juntava ainda a paroquialidade de Valongo dos Azeites, Pereiros e Vale de Figueira.
As autoridades chamadas ao local e a posterior autópsia confirmaram causas naturais para a sua repentina morte: o Pe. Manuel João terá sido vítima de um ataque de epilepsia que lhe provocou uma morte por asfixia. Também naquela residência, há quatro anos, havia falecido o Padre António Samuel Teixeira da Silva, com 47 anos, vítima de ataque cardíaco. Mas o Pe. Manuel João sentia-se ali bem e era muito acarinhado pelos seus paroquianos, tal como se confirmou nas horas e dias que seguiram ao triste anúncio.
O Pe. Manuel João Nogueira Amaral, nascido a 14 de Julho de 1985, em Penedono, era filho de Luís Duarte Amaral e de Virgínia de Carvalho Nogueira Amaral. Depois de ter frequentado os Seminários diocesanos, foi ordenado Diácono, na Sé de Lamego, a 08 de dezembro de 2010 e presbítero a 17 de julho de 2011, no mesmo local, por D. Jacinto Botelho.
No dia 22 de Setembro, o Pe. Manuel João participou em mais um encontro de padres novos, os ordenados nos últimos dez anos, em Vila Nova de Paiva. Um encontro reconfortante para todos, preenchido com momentos de oração e de partilha fraterna. Nessa manhã, aproveitando o bom tempo, fomos até à pista de karting existente naquela vila e divertimo-nos durante meia hora, dando voltas a um circuito que a todos animou. Como sempre, a boa disposição e a simpatia do Pe. Manuel João estiveram presentes e era vê-lo a dominar com destreza a pequena máquina e a ultrapassar concorrentes mais lentos. Seguiu-se o almoço, para o qual convidámos o pároco da terra, Pe. Justino Lopes. A conversa fluiu com normalidade e o Pe. Manuel João, ia dando conta da sua missão pastoral por aquelas terras onde se sentia acarinhado. E depois do café, a partida. O Pe. Manuel João viera à boleia com o Pe. José Filipe e com ele regressou. No dia seguinte a triste notícia. A última refeição do Pe. Manuel João havia sido connosco.
O seu corpo, vindo da medicina legal de Vila Real, chegou a Vilarouco ao início da tarde do dia 24 e ali foi celebrada a Eucaristia em seu sufrágio. O mesmo aconteceu ao fim da tarde, pelas 19h, já na sede da Associação dos Bombeiros Voluntários de Penedono, da qual era membro activo, e onde ficou em câmara ardente até à manhã do dia seguinte, quando dali foi levado aos ombros de bombeiros e sacerdotes para a igreja matriz, onde foi celebrada a Eucaristia exequial. Presidiu D. António Couto, acompanhado por D. Jacinto Botelho, cerca de cem sacerdotes, alguns das dioceses vizinhas de Guarda, Bragança, Vila Real e Viseu, e uma multidão que encheu a igreja e o adro de Penedono.
Na homilia, o nosso bispo falou do tempo que nos é dado para vivermos de forma intensa, celebrando o amor de Deus. Um tempo mais ou menos longo, mas sempre na dependência do Seu autor que cuida de nós, os Seus “filhinhos”. E sublinhou esta separação, que não é definitiva, mas apenas por algum tempo: em Deus encontrar-nos-emos depois. Até lá, o convite para que cada um, à sua maneira, vá preenchendo os vazios de amor, de afecto e de carinho que que se estabelecem entre nós. A exemplo do Padre Manuel João que, com a sua disponibilidade, alegria e generosidade foi preenchendo vazios e estabelecendo pontes por onde passou e entre quantos conheceu, qual “juventude dada por Deus e oferecida a Deus”.
Antes da caminhada até ao cemitério, em nome dos sacerdotes, o Padre Miguel Peixoto leu um texto da autoria do Pe. Manuel João e um quadro com a sua fotografia foi oferecido à mãe, D. Virgínia.
A nossa oração.
JD, in Voz de Lamego, ano 85/44, n.º 4331, 29 de setembro
Nas mãos de Deus: Pe. Mário Ferreira Lages | 1936-2015
No passado dia 25, na paróquia do Touro, Vila Nova de Paiva, foi a sepultar o Padre Mário Ferreira Lages, falecido no dia anterior, em Lisboa, onde vivia há bastantes anos e para onde fora a convite da Universidade Católica portuguesa, onde se destacou pelo saber e competência na área da Sociologia.
O Padre Mário Ferreira Lages era filho de António Ferreira e de Júlia Ferreira Lages e nasceu no Touro, Vila Nova de Paiva, no dia 05 de março de 1936. Frequentou os nossos Seminários diocesanos e foi ordenado Diácono, na capela do Seminário, a 31 de maio de 1958. No mesmo local, mas a 07 de Setembro de 1958, foi ordenado Sacerdote pelo bispo de então, D. João da Silva Campos Neves. O Pe. Mário era condiscípulo de D. Jacinto Botelho.
Após a ordenação, o Pe. Mário Lages foi enviado para Roma, onde prosseguiu estudos superiores na área da Sociologia. Em outubro de 1962 foi nomeado professor no Seminário Maior de Lamego, cujas novas instalações haviam sido inauguradas no ano anterior. Mercê do seu enorme saber e preparação académica, foi este sacerdote do nosso presbitério convidado a integrar o grupo docente da recém-aberta Universidade Católica Portuguesa, onde se destacou na sua missão, nomeadamente através do centro de sondagens que ajudou a nascer, a crescer e a impor-se no panorama nacional.
A Eucaristia exequial foi presidida por D. António Couto e contou com a presença de D. Jacinto, vários sacerdotes e muitos fiéis leigos que se juntaram na igreja paroquial do Touro para louvar o Senhor e agradecer a vida deste irmão sacerdote. Na homilia, o nosso bispo recordou-nos que a nossa vida está enxertada em Jesus Cristo, que a todos ama e que com todos conta, Ele que é a chave da nossa vida. Nesse sentido, sublinhou a singular existência do Pe. Mário Lages e a fecunda vida sacerdotal que protagonizou e a quem a doença acompanhou nos últimos anos, sem deixar de agradecer todo o seu contributo à Igreja de Lamego a quem serviu e ao Seminário Maior, de quem foi destacado benfeitor.
Antes da bênção final e do acompanhamento ao cemitério local, um dos seus conterrâneos, Padre Justino Lopes, recordou também a sensibilidade artística do Padre Mário, nomeadamente a sua veia poética, tendo, a esse propósito lido alguns versos.
A nossa oração.
JD, in Voz de Lamego, ano 85/44, n.º 4331, 29 de setembro
ABERTURA DO ANO PASTORAL | Seminário Maior de Lamego | sábado
IDE E FAZEI DA CASA DE MEU PAI CASA DE ORAÇÃO E DE MISERICÓRDIA
9h30 – Acolhimento9h45 – Oração da Manhã10h00 – Apresentação da Carta Pastoral de D. António Couto, pelo Próprio11h00 – Pausa para o café11h30 – Apresentação das linhas orientadoras do Plano Pastoral,pelo Coordenador da Pastoral da Diocese, Pe. José Melo (cônego)12h15 – Troca de impressões12h30 – Almoço e Encerramento
COLABORAR E COMPROMETER-SE | Editorial Voz de Lamego | 29/09
A edição da Voz de Lamego, semanalmente, traz-nos um conjunto de notícias e de reflexões que nos sintoniza com o mundo e com a Igreja, em particular com a região e com a diocese, com a cultura, a história, a religião. Esta semana destaca-se de forma particular a Viagem Apostólica do Papa Francisco a Cuba e aos EUA, tendo discursado no Senado norte-americano, na sede das Nações Unidas (ONU) e encerrando o encontro mundial das Famílias em Filadélfia. Outros destaques deste número: a morte do Padre Manuel João, e também do Padre Mário Lages; a entrada dos novos párocos, a entrevista a D. Jacinto por ocasião do seu 80.º aniversário natalício.
O Editorial, do nosso Diretor, Pe. Joaquim Dionísio, desafia-nos a seguir Jesus comprometendo-se totalmente com o anúncio do Evangelho, em palavras e obras. Não basta colaborar, é urgente comprometer-se com a vida toda. O Editorial convoca-nos também para a abertura do Ano Pastoral, no próximo sábado, 3 de outubro, no Seminário Maior de Lamego.
COLABORAR E COMPROMETER-SE
A fábula é conhecida e circula por aí: fala de um porco e de uma galinha que foram desafiados a providenciarem, durante duas semanas, um pequeno almoço diferente em cada dia. A ideia partiu do dono da quinta que, no momento, logo avisou: o não cumprimento do acordo levaria a que ele próprio preparasse a refeição, cujos ingredientes seriam fêveras e ovos.
Diante da perspectiva, o porco empenhou-se, sabendo que o não cumprimento ditaria o seu fim. A galinha, pelo contrário, não mais se preocupou com o assunto e continuou a picar por aqui e por ali. E um dia a refeição não apareceu e o lavrador cumpriu a ameaça: matou-se o porco para conseguir o lombo e o galinheiro foi visitado para se arranjarem ovos.
O ensinamento da fábula é claro: há uma grande diferença entre colaborar e comprometer-se. Colaborar é dar uma mão, uma ajuda, uns ovos; comprometer-se é gastar-se até ao fim, dar-se a si, dar o lombo todo.
E foi isso que Jesus pediu aos seus discípulos (Lc 9, 23-25), que se comprometessem e não se contentassem em colaborar. E o convite é válido para a vivência comunitária da fé, mas também diz respeito à vida do casal, da família, do trabalho…
No próximo sábado, a nossa diocese tornará público o seu Plano Pastoral para este ano. Mais uma etapa da nossa história comum, da qual ninguém está dispensado e que só com o contributo e disponibilidade de todos poderá ser devidamente concretizado.
Acolher os textos e as propostas ali contidos e comprometer-se, pessoal e comunitariamente, a realizar o percurso delineado contribuirá para o crescimento desta porção do Povo de Deus que é a nossa diocese. Mas, para isso, não basta opinar ou ter a intenção de colaborar; urge comprometer-se.
in Voz de Lamego, ano 85/44, n.º 4331, 29 de setembro