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REFUGIADOS | Cáritas Europa ajuda e pede vias seguras e legais
A Cáritas Europa está a apoiar os milhares de refugiados do Médio Oriente e África que nas últimas semanas estão a fugir da “instabilidade e das crises militares” nas suas terras.
A organização católica critica, através da sua página na internet, que a falta de “canais de migração legais e seguros” na União Europeia têm levado muitas as pessoas a “arriscar tudo e a colocar nas mãos de traficantes a sua vida e a dos seus filhos”.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) tem alertado para a situação vivida principalmente por sírios e afegãos que fogem para as ilhas gregas a escassos quilómetros da costa turca e tentam depois, por terra, alcançar a Alemanha e outros países europeus atravessando a Grécia, a Macedónia, a Sérvia e a Hungria.
O movimento nessa rota intensificou-se nos últimos dias, com milhares de pessoas, incluindo muitas mulheres e crianças, a forçar as barreiras policiais e de arame farpado, assinala o organismo presidido pelo português António Guterres.
A Cáritas Europa publica um testemunho anónimo de uma mulher nascida no Afeganistão, em 1992, casada e mãe de um filho, que fugiu do seu país natal com a família, em 2014, após pagar 11 mil euros a traficantes que prometiam levá-los “para a Grécia e daí para a Bélgica”.
“Fizemos a pé todo o caminho do Afeganistão até à Turquia; fomos pelo mar da Turquia até à ilha de Kos e daí até Atenas, onde os traficantes mudaram de ideias e disseram que apenas podiam ajudar o meu marido”, relata.
A Cáritas ajudou esta mãe e o seu filho a pagar as despesas básicas durante oito meses, até o seu marido se instalar na Bélgica e os poder reunir, de novo.
O programa da Cáritas de Atenas para os refugiados oferece ajuda de várias formas, incluindo a distribuição de roupas e comida, sessões de aconselhamento para trabalhadores sociais, aulas de línguas e espaços para as crianças brincarem.
Lina deixou Bagdade há três semanas e está em viagem desde então, com a sua família, incluindo duas crianças, procurando chegar à Alemanha.
“Primeiro apanhamos um avião para a Turquia, depois um barco para a Grécia. Depois, viajamos de comboio para a Macedónia e atravessamos a fronteira com a Sérvia a pé”, refere.
O jovem Ahmad, do Paquistão, fugiu do seu país há dois meses, “com medo dos terroristas”, e tem o sonho de viver na Alemanha ou na Suécia.
A Cáritas da Sérvia está a oferecer artigos de higiene a refugiados nos centros de Bogovadja e Krnjaca, bem como junto da fronteira com a Hungria.
Já no sul do país, ao lado da Macedónia, a Cáritas do Luxemburgo distribui comida, em cooperação com o ACNUR e a Cruz Vermelha.
Melissa Fleming, porta-voz do ACNUR, estima que os refugiados vão continuar a chegar à Sérvia “a um ritmo de 3000 pessoas por dia”.
Em Portugal, o ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Marques Guedes, assegurou que o país “tem estado na primeira linha da solidariedade europeia”, confirmando a previsão de acolhimento de cerca de 1500 refugiados de guerra do Médio Oriente.
in Voz de Lamego, ano 85/40, n.º 4327, 1 de setembro
GRATIDÃO E SERVIÇO | Editorial Voz de Lamego | 1 de setembro
A cidade de Lamego entrou nas festas dos Remédios. É um acontecimento marcante na vida da cidade, mas também da diocese e da região, extensível a outros lugares e com a presença marcante de migrantes, familiares, amigos, devotos.
A Voz de Lamego faz eco da Romaria de Portugal, a Romaria dos Remédios, com toda a sua envolvência, de festa popular à celebração da fé. Mas, e como habitual, a edição é enriquecida com variedade de reflexões, notícias, eventos, sugestões.
No Editorial, a escolha do Diretor, Pe, Joaquim Dionísio, vai para o acolhimento de novos párocos nas respetivas comunidades para as quais foram nomeados, pelo que se sublinha a gratidão a todos os que partem pelo serviço ao longo dos anos…
GRATIDÃO E SERVIÇO
Algumas das nossas comunidades paroquiais acolhem, durante o mês de Setembro, os seus novos párocos. E se a festa e a alegria marcam a chegada e o acolhimento, também não se esconde uma certa tristeza ao ver partir quem ali viveu o seu sacerdócio durante anos ou décadas. Merecida é a gratidão a quem serviu!
Entre aqueles que serão apresentados à comunidade estão os dois sacerdotes ordenados neste verão. Prepararam-se durante anos para este itinerário que começa, mas só a vivência da missão e a inserção na realidade para onde são enviados poderão consolidar, fazer crescer e frutificar a formação recebida. No início da caminhada, que desejamos plena e realizadora, é-lhes pedido que vivam diariamente o seu ministério com alegria e disponibilizem os dons recebidos àqueles a quem são enviados, acolhendo todos e congregando sem distinções.
Tal como escrito há 50 anos no Decreto Presbyterorum Ordinis, cuja leitura é sempre oportuna, “Os presbíteros, em virtude da sagrada ordenação e da missão que recebem das mãos dos bispos, são promovidos ao serviço de Cristo mestre, sacerdote e rei, de cujo ministério participam, mediante o qual a Igreja continuamente é edificada em Povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo” (PO 1).
O sacerdote diocesano é um cooperador do bispo, chamado e ordenado pela Igreja para estar junto do Povo de Deus para servir, em nome de Alguém, assumindo uma missão exigente. Porque nem sempre é fácil a presença e a missão, discreta e contínua, junto das diferentes sensibilidades encontradas, tentando conciliar e ritmar em prol de um projecto comum edificado à luz do evangelho.
Mas, apesar das possíveis falhas ou limitações, as comunidades paroquiais sabem sempre reconhecer o esforço e a dedicação, o testemunho e a presença dos seus párocos.
in Voz de Lamego, ano 85/40, n.º 4327, 1 de setembro