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Olhar Maria para seguir Jesus Cristo
A passagem desta mesma imagem peregrina pela nossa diocese, em 1950, foi motivo para a aparição de um livro que estará, ainda hoje, em muitas estantes paroquiais e particulares: “Roteiro de Glória”. Numa época onde as notícias não se espalhavam tão rápida e facilmente, as imagens eram escassas e os sons dificilmente gravados, a edição de tal livro registou e divulgou devidamente uma singular vivência eclesial e diocesana.
Passados 65 anos, a diocese de Lamego voltou a movimentar-se para acolher festivamente a Mãe. Sem a capacidade de bem e de tudo dizer e sem as condições para tudo registar e divulgar, o nosso jornal leva a todos algumas imagens e palavras que, para lá das evidentes limitações, ilustram a alegria de uma diocese que caminha ao colo da Mãe.
Ao longo de duas semanas foi conduzida pelos caminhos das nossas terras, num contacto próximo com realidades que nos formam, contemplada por olhares agradecidos ou suplicantes e sendo, certamente, ouvinte de tantas e tantas preces, ao mesmo tempo que todos testemunharam tantos e tantos gestos de ternura e gratidão.
Por essa diocese fora, percorrendo todas as paróquias de algumas zonas pastorais ou parando em locais mais centrais de outras, a passagem da imagem e de todos quantos a acompanharam diariamente foi, sem dúvida, mais um belo momento da nossa história. Os sinos que alertaram e chamaram, as flores que ornamentaram, as procissões que acompanharam, as velas que iluminaram, os cânticos que se entoaram, as orações que louvaram a Deus e pediram a intercessão de Maria, os grupos que se movimentaram, as associações e demais entidades que acompanharam… tudo nos fala de uma ternura filial que, estamos certos, não deixará de produzir frutos, quer de conversão em quem acolheu e rezou, quer na intercessão maternal de Nossa Senhora.
A imagem peregrina vai continuar a percorrer os recantos do nosso país, a ser notícia e momento de festa nas paróquias e a movimentar os fiéis. E todos vão tomando consciência de que foi quase há 100 anos (1917-2017) que três crianças, longe dos círculos de poder, pertencentes a uma classe social quase invisível, sem notoriedades públicas, habitando numa região pobre e cumprindo tarefas comuns, foram convidadas a divulgar uma mensagem simples e plena de oportunidade trazida pela Mãe. Muitos anos depois, contemplando tantas e tantas mudanças no mundo, a mensagem continua actual e Maria continua a contar connosco para levar a todos o convite para a conversão a Deus e ao próximo.
Por todo o lado por onde a imagem peregrina passa, nos espaços de culto onde visualizamos as imagens marianas, nos quadros ou pagelas que guardamos e transportamos, o Evangelho está sempre presente, porque nos lábios de Maria continua audível e permanente o apelo: “Fazei tudo o que Ele vos disser!”. Acreditamos que tais palavras ecoaram em todos quantos a acolheram na sua passagem e a acolhem na veneração que continuamente lhe dedicam. A grande missão de Maria é mostrar-nos Jesus, o nosso Salvador. E foi a Ele que não cessou de mostra-nos quando por aqui passou; é para Ele que continua a apontar sempre que para ela olhamos.
JD, in Voz de Lamego, ano 85/38, n.º 4325, 18 de agosto
MARIA PORQUÊ | Editorial da Voz de Lamego | 18 de agosto
Depois de duas semanas de pausa, a Voz de Lamego volta à nossa comunicação.
Entre os dias 26 de julho e 9 de agosto, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, percorreu a Diocese de Lamego, no âmbito da preparação do Centenário das Aparições de Fátima que se celebra em 2017. A Imagem Peregrina vai percorrer todas as dioceses. Iniciou no passado 13 de maio e irá até 13 de maio de 2016.
A nossa Diocese já teve a dita de acolher a Virgem Peregrina de Fátima, cuja última edição da Voz de Lamego antes desta pausa já tinha dado nota. Em conformidade com as opções pastorais dos Arciprestados, a Imagem de Fátima percorreu ora as paróquias da zona pastoral ora centrando na sede da Zona Pastoral, acolhendo as pessoas das diferentes paróquias e movimentos.
A edição desta semana dá amplo destaque á Visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima na nossa Diocese de Lamego, e também assim o Editorial com o qual o Pe. Joaquim Dionísio nos ambienta:
MARIA PORQUÊ
Entre nós, o verão ficou também marcado pela passagem da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, entre os dias 26 de Julho e 09 de Agosto. Apesar dos relatos e das imagens, não será fácil descrever a onda festiva que percorreu as catorze zonas pastorais da diocese, envolvendo com alegria os milhares e milhares de fiéis que saíram de suas casas, do seu repouso ou trabalho e se abeiraram, individualmente e em grupo, para rezar, saudar, agradecer, suplicar, contemplar, fazer silêncio… Porquê?
Nos santuários marianos, maiores ou menores, não têm conta os peregrinos que chegam de longe e de perto sem fazer ruído, que cumprem as suas promessas sem esperarem pela fotografia, que rezam com o coração e com o corpo, indiferentes a quem passa ou olha. Porquê?
Nas nossas paróquias, populosas ou desertificadas, há festas em honra de Maria, invocada sob os mais diversos títulos e nunca faltam flores nos seus altares ou nichos. Porquê?
Entre os membros das nossas comunidades cristãs, há tantos e tantos que, ao longo da vida, não adormecem sem lhe rezar, a sós ou em família, a ela recorrendo nas tribulações e dela esperando a intercessão que acalma e anima. Porquê?
Porque Maria é Mãe. E encontrar a “mãe” é sempre sinónimo de colo e de aconchego, de gratuidade, segurança e paz. Amamos Maria e queremos seguir o seu exemplo. Eclesial e afectivamente, a sua presença é importante para nós. Daí o louvor e o fervor!
E não apenas no verão ou em dias de festa. Tal como em Caná, ao longo de todo o ano, Maria está sempre presente, discreta, para nos conduzir a Cristo. Porque também ela se deixou transformar pelo Espírito para acolher livremente Cristo. E guia-nos nesse caminho de Vida. Porque é Mãe.
in Voz de Lamego, ano 85/38, n.º 4325, 18 de agosto