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Archive for 14/05/2015

SEMANA DA VIDA | Vida com dignidade, opção pelos mais fracos

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A Igreja Católica promove, desde domingo, a ‘Semana da Vida’, que alerta para a “necessidade de um combate ao aborto e à eutanásia”, bem como para situações como “a pobreza, os doentes, as famílias necessitadas”. A Semana da Vida tem como tema ‘Vida com dignidade – opção pelos mais fracos’ e celebra-se entre 10 e 17 de maio.

“Hoje vemos que a dignidade humana está posta em causa por outras circunstâncias. Na linha do que a Igreja e a Conferência Episcopal Portuguesa têm defendido, devemos ter um olhar especial para outras situações, como a pobreza, os doentes, as famílias mais necessitadas e as crianças, para exista uma valorização da cultura da vida e uma prevenção da cultura da morte”, revela Luís Reis Lopes, responsável pelo Departamento Nacional da Pastoral Familiar.

Neste contexto, o departamento da Comissão Episcopal Laicado e Família, preparou um guião onde propõem “textos de reflexão, a Oração do Terço”, onde apelam a “rezar em sintonia” com o objetivo de “criar mais dignidade e dar mais atenção aos mais fracos”. O documento está disponível em http://www.leigos.pt/ e tem “algumas sugestões” para as famílias terem “pequenos gestos, uma cultura de família”.

“Achamos que estamos a viver tempos muito difíceis e que as pessoas também precisam de ouvir uma palavra de esperança e estar em sintonia com este desejo do Papa e dos nossos bispos de chegar realmente às periferias”. Segundo o responsável existem imensos casos de pessoas que “precisam de cuidado”, conhecidos através da “comunicação social” mas também por relatos de proximidade.

Nesta semana, muitas dioceses portuguesas também assinalam o Dia Internacional da Família (15 de maio) e celebram a festa da família, “que são muito importantes”.

Portugal vive um período de pré-eleições onde surgem medidas que pretendem incentivar a natalidade e apoiar a família, neste sentido, Luís Reis Lopes apela a uma “sociedade e economia mais amiga da família” e sem “receitas e fórmulas mágicas” pretendem que exista “reflexão e compromisso sério” para que os casais jovens possam casar “mais cedo” e constituir “famílias numerosas”.

Para o interlocutor não chega uma “mudanças de mentalidades” mas de condições reais onde haja “trabalho estável” porque a mobilidade “é terrível” e pede à sociedade, aos responsáveis políticos e às empresas “mais atenção à necessidade” de estabilidade. “Nas empresas vemos muitas pressões sobre as mulheres para não engravidarem”, exemplificou com o desejo que as próximas eleições “esclareçam” se vão existir alterações.

O coordenador do Departamento Nacional da Pastoral Familiar manifestou ainda “muito agrado” pela iniciativa Legislativa de Cidadãos “Lei de Apoio à Maternidade e à Paternidade – do Direito a Nascer”, que recolheu 48 mil assinaturas entregues na Assembleia da República, e propõe “diversas alterações” legislativas. “O aborto é um atentado à vida e nós defendemo-la em todas as suas formas e temos de dignificar a família cada vez mais para ser capaz de combater todas as formas de violência que existem na nossa sociedade para que a família seja respeitada, valorizada”, alertou Luís Reis Lopes.

in Voz de Lamego, n.º 4313, ano 85/26, de 12 de maio de 2015

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Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição

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  1. Presença

Já andam pela diocese de Lamego desde 1881, quando foram chamadas para o Asilo de Nossa Senhora de Lourdes, em Resende. D. Maria José Pereira dos Santos Fornelos e sua irmã, desejavam estabelecer, na sua enorme casa, um Colégio-asilo para meninas. Chamaram para o dirigir as Irmãs franciscanas hospitaleiras das Trinas. Encerrado, por morte da fundadora da casa, em 1903, ficou o registo de que “sob muitos aspectos, a passagem destas religiosas por esta terra foi muito meritória e benemérita”. Regista ainda a II Crónica do Centenário, (pág. 794) que “a implantação desta obra, em Resende, despertou muitas e boas vocações para a Congregação”. Trinta e seis anos depois, 1939, voltam a prestar os seus serviços no Hospital da Misericórdia e no Asilo de Mendicidade que lhe ficou anexo. Deixados em 1974.

A cidade de Lamego conhece-as, em 1883. Pedidas para o Hospital de D. Luis ou da Misericórdia, são cinco religiosas que chegam a 12 de fevereiro, para assumirem o serviço da instituição.

No ano imediato, novo grupo dá entrada no então chamado Asilo da Infância Desvalida e aí permanece treze anos. Mais tempo ficaria, se a Mesa administrativa confiasse um pouco mais na visão da Superiora Geral e aceitasse a transferência de quem lhe parecia insubstituível… Dois anos depois, é a vez do Asilo de Mendicidade ficar sob a orientação e desempenho da terceira fraternidade de Irmãs.

Sempre os lamecenses tiveram em grande apreço o trabalho destas obreiras do bem. Se dissermos que, nestes 134 anos de permanência, não houve interrupção de presença, apenas fazemos jus à história que registou a sua continuidade até aos nossos dias. Se, em 1910, a sanha revolucionária levou as Irmãs do Asilo de Mendicidade a um hiato de meia dúzia de anos (para reabrir, depois, em Arneirós), não se conhece afastamento das Irmãs do Hospital, nem mesmo durante o período reacionário. É que a população não “permitiu que os fanáticos republicanos tocassem no seu prestígio e as incomodassem na sua ação”. Aguentar-se-ão, ainda, por mais de seis décadas, saindo no decurso da nacionalização do hospital, por março de 1979.

Não foram apenas estas três obras a usufruir do trabalhos das hospitaleiras.

Um pouco mais brandos os ventos republicanos, em fevereiro de 1927, nova fraternidade ruma até Lamego. Por ter obtido um velho solar, doado à Diocese, para, entre outro clausulado, aí ser aberto um colégio para meninas, o Bispo D. Agostinho de Jesus e Sousa pede à Congregação Irmãs para ocupar o imóvel. Não obstante todas as deficiências e dificuldades, o Colégio que iria chamar-se da Imaculada Conceição, entrou em funcionamento com poucas alunas internas e algumas externas. Após seis anos de exercício, a Diocese, por documento assinado pelo Bispo supracitado, com algumas cláusulas, cede o edifício à Congregação.

Entretanto, a fraternidade havia assumido outra instituição anexa – o Patronato Nun’Álvares -, obra que o pároco da Sé, Padre Aníbal Bastos, sonhava para acolher crianças pobres, de idade escolar. Ensinava-se ali a instrução primária, a boa educação e a instrução religiosa, destacando-se, muito depois e por cerca de 40 anos, a Irmã Alda que, na sua dedicação, exerceu de uma forma brilhante, abnegada e generosa, o cargo de docente e diretora escolar.

Um Colégio que sempre deu prestígio a Lamego, enalteceu a educação em Portugal e honrou a Congregação. Em tempo de crise vocacional, por falta de sangue novo, não sem dor, em 2008 o discernimento ditou a retirada das Irmãs, passando a obra para outras mãos. Todavia, embora modificada a fraternidade, as Irmãs não se retiraram de Lamego. Subiram o escadório do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios e ali continuam em serviço, oferecendo o apoio requerido e possível que a comunidade se empenha em prestar.

Depois de 1927, a diocese de Lamego recebe outra fraternidade, em 1966. Entra a serviço do Hospital Sub regional de Armamar. 25 anos depois, também porque, já então, os noviciados eram mais reduzidos, as Irmãs terão de abandonar este campo de evangelização.

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  1. Congregação

A Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição foi fundada em Lisboa, a 03 de Maio de1871, pelo Padre Raimundo dos Anjos Beirão (1810-1878) e Madre Maria Clara do Menino Jesus – Libânia o Carmo (1843-1899), teve os seus Estatutos assinados pelo Governo português, como simples Associação de Beneficência, a 22 de Maio de 1874. A 27 de Março de 1876, era aprovada pelo Papa Pio IX, como Congregação de direito pontifício.

O seu fim específico é tornar visível no mundo a ternura e a misericórdia de Deus, servindo a humanidade sofredora, de preferência os mais pobres, exercendo para com todos as obras de misericórdia.

Face a tanta miséria, para a qual era urgente remédio eficaz, o Padre Raimundo, juntamente com D. Libânia do Carmo e um grupo de senhoras terceiras seculares de São Francisco de Assis, recolhidas no Convento de São Patrício, em Lisboa, começaram a ocupar-se da educação de meninas pobres, as mais miseráveis da capital. Havia, porém, necessidade absoluta de cuidar os doentes abandonados em suas casas e pelas ruas.

Assim foi crescendo o projeto de fundar uma Congregação religiosa que se ocupasse destes desvalidos, com total gratuidade, por amor de Deus. Como em Portugal se mantinha a proibição de emitir votos religiosos, recorreram a uma Congregação francesa. Em 1870, seguiu para França um pequeno grupo de senhoras, tendo à frente a Irmã Maria Clara do Menino Jesus (Libânia do Carmo). Feito o noviciado e emitida a profissão, em Calais, regressaram a Lisboa, a 01 de Maio de 1871. A Irmã Maria Clara tomou, então, posse do cargo de Superiora da Casa de S. Patrício, onde começou imediatamente a estabelecer e organizar uma Congregação autónoma, genuinamente portuguesa. Obtida a aprovação pontifícia, foi nomeada Superiora Geral e considerada, desde então, como Fundadora.

Em l878, após a morte do Padre Raimundo Beirão, assumiu totalmente o governo da Congregação, dando-lhe um tal impulso, que, no espaço de 20 anos, encheu Portugal de lés a lés com o serviço dedicado de suas Irmãs, transformando-as, também, nas primeiras missionárias portuguesas. As Hospitaleiras chegaram a Angola em 1883, à Índia, três anos depois, à Guiné-Bissau e a Cabo Verde, em 1893.

Após a Revolução republicana de outubro de 1910, a Congregação, expulsa de Portugal, continuou a expandir-se, a partir de Espanha, encontrando-se hoje em quatro continentes e 15 países: Europa: Portugal, Espanha, Itália; África: Guiné, S. Tomé, Angola, Moçambique, África do Sul; Ásia: Índia, Filipinas, Timor Leste, Indonésia; América: Brasil, Califórnia, México.

Irmã Maria Lucília de Carvalho, Fhic

in Voz de Lamego, n.º 4313, ano 85/26, de 12 de maio de 2015