A pastoral vocacional é a vocação da pastoral | Igreja que chama
A evangelização é a razão de ser da Igreja. Eis uma afirmação sempre repetida e uma prática sempre assumida. No nosso contexto, em virtude de fenómenos como o do indiferentismo religioso, do ateísmo e do secularismo sublinha-se, sem cessar, a necessidade de uma nova evangelização capaz de assegurar uma fé límpida e profunda, dando sentido ao nascer, ao viver, ao sofrer e ao morrer.
A partir de textos e documentos publicados, a Comissão Diocesana das Vocações e Ministérios procurará contribuir para a missão evangelizadora comum, nomeadamente através do ângulo da pastoral vocacional. Porque uma evangelização que se reclama de “nova” não pode dispensar uma “pastoral vocacional nova”, atendendo ao contexto onde se insere e desenvolve.
Neste particular, facilmente nos apercebemos de que o contexto sócio-cultural em que nos inserimos é diversificado, causando alguma confusão e dificuldades nas opções, já que as solicitações são muitas. Vivemos numa cultura pluralista, ambivalente, “politeísta” e neutra, onde o modelo antropológico parece ser o do “homem sem vocação”.
Por outro lado, a pastoral vocacional é a própria acção pastoral de toda a Igreja (Pastores dabo vobis 34), já que a vocação é o coração da nova evangelização, um objectivo primário da acção eclesial: evidencia o chamamento universal de Deus. Porque o fundamento da pastoral vocacional será ajudar todos a descobrir o significado da existência humana. Daí o título desta contribuição, emprestado do documento final do Congresso sobre as Vocações para o Sacerdócio e a Vida Consagrada, realizado em Roma, em 1997, intitulado “Novas Vocações para uma Nova Europa”, onde afirma que “ a pastoral vocacional é a vocação da pastoral hoje” (n.º 26), convidando a Igreja a “vocacionalizar toda a pastoral”.
No tempo do “homem sem vocação”, importa anunciar a certeza de que não somos um acaso nem seres sem uma meta final a atingir. E desenvolver uma cultura da vocação é oportunidade para concretizar a gratidão, acolher o mistério, assumir a incompletude do homem, abrir-se ao transcendente, disponibilizar-se para se deixar chamar por um outro, confiar em si e no próximo, ser livre diante do dom recebido e ter capacidade para sonhar e desejar (NVNE, 13).
A Igreja é uma comunidade vocacional (chamados), tal como deixa a entender o próprio nome (assembleia convocada) onde, por sua vez, todos são capazes de anunciar e convidar. Todos são chamados e todos chamam.
Por isso, falar de pastoral vocacional é falar da vida de todos os baptizados: chamados que chamam.
Comissão Diocesana Vocações e Ministérios,
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4299, ano 85/12, de 3 de fevereiro de 2015