Arquivo
D. António Couto na Formação do Clero de Aveiro
Bispo de Lamego propõe nova postura missionária
Uma Igreja em saída é a única saída para a Igreja
O Bispo de Lamego apresentou ao Clero da Diocese de Aveiro seis “chaves de leitura da Evangelii Gaudium”, destacando a “urgência de uma Igreja em saída” como sendo o caminho com saída que a Igreja de hoje deve saber percorrer. Na primeira comunicação das jornadas de formação permanente, que decorrem até quinta-feira, em Albergaria-a-Velha, D. António Couto evidenciou as linhas de força da primeira exortação do Papa Francisco, que é programática do seu pontificado.
O prelado começou por dizer que quem quiser ter acesso às bases da exortação do Papa Francisco precisa de ler o Documento de Aparecida, de 2007, da Conferência Episcopal Latino-Americana. Aliás, como afirmou o Bispo de Lamego, esta exortação é muito mais “pós-Aparecida” do que “pós-sinodal”.
Destacando a “energia da alegria” que trespassa toda a exortação papal, D. António Couto apontou o dedo a uma “Igreja que muitas vezes parece mais viúva do que esposa de Jesus Cristo”, ressalvando a importância de “avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária que não pode deixar as coisas como estão”. E a título de exemplo deu conta que “temos um processo catequético de dez anos, mas que não produz discípulos”.
Para dar resposta a isto, e a partir dos desafios da Evangelii Gaudium, o Prelado afirmou que se requer “uma nova postura de evangelização que vá para lá da manutenção e da preservação”, uma pastoral que seja em tensão para o anúncio, em clave missionária. D. António Couto não duvida que “o primeiro anúncio é o elemento fundamental de toda a pastoral” e que “a dimensão missionária tem que ser o horizonte permanente da acção da Igreja”.
Já sobre a segunda chave de leitura – a atenção aos pobres – evidenciou o “vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres que são os privilegiados do Evangelho”, pedindo que não só os bispos e os padres, mas também os cristãos leigos, sejam “pessoas comovidas, com lágrimas nos olhos”.
D. António Couto apontou também a necessidade de as paróquias seres “casas de portas abertas”, “santuários onde os sedentos vão beber” a fim de que “quem encontra a paróquia encontre Cristo, sem glosas e sem filtros”.
Já a terminar, o bispo de Lamego elencou mais três chaves de leitura da Evangelii Gaudium: “a evangelização “non stop”, “o primado da graça, sem estratégias” e ainda “o Espírito Santo não condicionado”. E finalizou, afirmando: “Não podemos deixar transformar a tempestade do Pentecostes em ar condicionado”.
NOTÍCIA: página da DIOCESE DE AVEIRO
LUZ PARA AS NAÇÕES | Editorial Voz de Lamego | 3 de fevereiro
Quando se aproxima o Dia Mundial do Doente, e com a Mensagem do Papa Francisco já conhecida, a edição do Jornal Diocesano destaca este acontecimento e publica, nas páginas interiores, a Mensagem papal. Mas, como nos habituou, a Voz de Lamego tem muitos outros motivos de interesse, notícias, eventos futuros, propostas de reflexão, sugestões de leitura, informações sobre a Igreja na Diocese, em Portugal e no mundo; o que vai acontecimento nesta região; as intervenções do Papa durante a última semana; nota também para o texto sobre a vida consagrada e uma nova rubrica dedicada às Pastoral Vocacional.
Mas para já, a primeira partilha, o Editorial do Diretor da Voz de Lamego, Pe. Joaquim Dionísio:
LUZ PARA AS NAÇÕES
No segundo dia de fevereiro, quarenta dias depois do Natal, a Igreja celebra a Apresentação do Senhor. Cumprindo a tradição, José e Maria levam Jesus a Jerusalém para o consagrarem a Deus e oferecem por ele o sacrifício que a lei estipulava. Tudo se passa no Templo, centro da vida religiosa de Israel, espaço de encontro, de cumprimento de promessas e de revelação divina.
Diante do recém-nascido, Simeão, um senhor já avançado na idade, louva a Deus por ver cumpridas as promessas, exterioriza a sua alegria diante daquele que contempla como “Luz para as nações” e confessa estar pronto para partir ao encontro do Criador, porque os seus olhos já “viram a Salvação”.
Apresentação do Senhor é a festa da luz, oportunidade para recordar a cada baptizado que, com as suas opções, gestos e palavras pode ser um reflexo dessa Luz. Não para ser o centro ou a referência, mas contribuindo para que todos possam ver e ser vistos com a claridade de Deus.
Mas é também a festa da profecia, mostrando-nos que toda a verdadeira profecia conduz a Cristo e anuncia que Jesus é a felicidade, o Salvador do mundo.
O Templo era o lugar do sacrifício. Jesus não foge das dificuldades e do sofrimento e ali o encontramos por diversas vezes. Mas, entrando, anuncia e testemunha que o verdadeiro sacrifício é o dom de si mesmo e a luz é a amizade por todos.
No segundo dia de Fevereiro, contemplando a Luz que ilumina, a Promessa que se cumpre e o Dom que se oferece, a Igreja festeja os Consagrados. Pela sua vida, pelo seu serviço, pela sua palavra, os consagrados anunciam Cristo na nossa diocese. E agradecemos-lhe por isso.
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4299, ano 85/12, de 3 de fevereiro de 2015