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Ano da Vida Consagrada |> Gratidão, paixão e esperança
Na Carta endereçada ao mundo, a propósito do Ano da Vida Consagrada que já decorre, o Papa Francisco apontou três objectivos gerais: olhar com gratidão o passado, viver com paixão o presente e abraçar com esperança o futuro.
A este propósito, importa recordar palavras de João Paulo II, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Vita consecrata, n.º 110, de 1996: “Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir! Olhai o futuro, para o qual vos projeta o Espírito a fim de realizar convosco grandes coisas”.
- “Olhar com gratidão” o tempo que passou é oportunidade para contemplar a acção de Deus que chama em vista do bem comum. Ao mesmo tempo, torna-se ocasião para recordar o início e o desenvolvimento histórico da cada família carismática, agradecendo a Deus os dons recebidos e que tudo tornaram possível. Mas é também tempo para avivar a identidade e robustecer a unidade e o sentido de pertença. E, como sempre, neste repercorrer do caminho feito, haverá sempre oportunidade para descobrir incoerências, confessar fraquezas e manifestar confiança no Senhor da Vida.
- “Viver com paixão” os dias que correm implica escutar atentamente o que o Espírito diz hoje à Igreja, esforçando-se por implementar os aspectos da vida consagrada. Para isso, não basta ler ou meditar o Evangelho, mas pô-lo em prática, tal como Jesus Cristo pede. Nesse sentido, será oportuno um questionamento sobre a fidelidade à missão confiada, destacando e fomentando a comunhão, da qual todos são chamados a tornarem-se peritos. Uma comunhão que se concretiza quando há capacidade para ouvir e coragem para ultrapassar disparidades e tensões.
- “Abraçar com esperança” o futuro é confiar no Senhor da história que caminha connosco, nos põe à prova, mas que não falha. As dificuldades estão à mostra (diminuição de vocações, envelhecimento, problemas económicos, desafios da internacionalidade e da globalização, o relativismo, a marginalização, a irrelevância social…), mas todos são convidados a manter viva a esperança, fundada numa confiança n’Aquele que não falha. E todos são convidados à vigilância, perscrutando os horizontes da vida e do mundo actual.
JD, in VOZ DE LAMEGO, n.º 4296, ano 85/09, de 13 de janeiro de 2015
Ano da Vida Consagrado | Expetativas do Papa
Após apresentar os objectivos para este Ano da Vida Consagrada, na mesma Carta, o Papa faz referência às expectativas.
- “Contemplar a alegria” no rosto e na vida dos consagrados, sinal de serenidade e confiança que tão bem podem fazer a sociedade, tantas vezes, marcada pelo medo, sem esperança e sem perspectivas. Uma alegria que poderá atrair alguns dos que os contemplam, desenvolvendo nestes o desejo de seguir tais exemplos.
- “Desenvolver a dimensão profética” para perscrutar a história e interpretar os acontecimentos, com liberdade para anunciar e denunciar. Mas também para criar lugares onde se viva a lógica do dom, da fraternidade, do acolhimento da diversidade e do amor recíproco.
- “Visualizar peritos em comunhão”, aptos a concretizar a fraternidade, não apenas no interior da própria família religiosa, mas também com outras famílias e diante de todas as vocações eclesiais.
- “Sair para as periferias” existenciais, porque a humanidade aguarda e é importante que ninguém se feche em si mesmo. Ao contrário, todos são convidados a concretizar gestos de acolhimento, inclusive partilhando espaços próprios, agora devolutos ou pouco utilizados, para acolher e formar.
- “Interrogar-se sobre o que é pedido hoje”, por Deus e pela humanidade. Para isso, muito poderão contribuir encontros de trabalho e oração entre grupos de vida contemplativa, mas também através de encontros entre outros institutos dedicados ao ensino, à caridade e à promoção cultural.
JD, in VOZ DE LAMEGO, n.º 4297, ano 85/10, de 20 de janeiro de 2015