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LEITURAS: D. António Couto > Quando Ele nos abre as Escrituras
«Quando Ele nos abre as Escrituras»
Trabalho de exegeta, primor de esteta
Mais um primor que está ao nosso dispor. A edição do segundo volume de «Quando Ele nos abre as Escrituras» constitui, sem dúvida, um belo evento neste final de Advento.
O novo livro de D. António Couto confirma-o como exegeta e magnifica-o como esteta.
É por isso que os seus textos não são áridos. Pelo contrário, combinam o rigor da exposição com a beleza da expressão. E conseguem obter, assim, um efeito balsâmico em quem pretenda avançar no contacto com o universo bíblico.
Para ele, a interpretação não é uma apropriação apriorística das palavras, mas um anúncio fidedigno da Palavra: desde a sua génese até ao seu sentido para hoje.
Há um cruzamento fecundo entre a ciência e a vivência. As leituras que propõe são sempre referidas às fontes e reportadas à vida.
Divisa-se aqui, pois, um meritório sentido de missão. Num registo levemente heideggeriano, atrever-me-ia a dizer que estudos como este entroncam totalmente no ministério de «pastor do (nosso) ser». E acabam por estimular a vontade de nos aproximarmos, cada vez mais, do ser do (eterno) Pastor.
As palavras deste livro fazem apetecer o Livro da Palavra, que se torna pão e «companhia», que é o pão que comemos juntamente com os outros.
Ao leitor deseja o Autor «bom apetite» para uma «viagem longa e sentida».
Nem só de pão vive o homem. Há palavras que também são pão.
As palavras do livro de D. António Couto fazem-nos ter ainda mais fome da Palavra que alimenta, alenta, sacia e extasia!
Pe. João António Pinheiro Teixeira, in VOZ DE LAMEGO, n.º 4295, ano 85/08, de 6 de janeiro de 2015