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Abertura ANO DA VIDA CONSAGRADA | Mensagem do SANTO PADRE
Papa apela a deixar o aconchego e ir às periferias
O Papa Francisco enviou uma vídeo-mensagem para os participantes da Vigília de Oração realizada na Basílica Santa Maria Maior na noite de sábado, 29, véspera da abertura do Ano da Vida Consagrada. Eis a íntegra da mensagem.
“Queridos irmãos e irmãs,
Mesmo se distante fisicamente por motivo do meu serviço à Igreja universal, me sinto intimamente unido a todos os consagrados e às consagradas no início deste ano que quis fosse dedicado à vida consagrada.
Saúdo com afeto todos os membros da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica e todos aqueles que estão presentes na Basílica Santa Maria Maior, sob o terno olhar da Bem-aventurada Virgem Maria Salus Populi Romani, para esta Vigília de Oração.
Com vocês saúdo também todos os consagrados e as consagradas que vivem e trabalham no mundo. Nesta ocasião as minhas primeiras palavras são de gratidão ao Senhor pelo dom precioso da vida consagrada à Igreja e ao mundo. Que este ano da Vida Consagrada seja uma ocasião para que todos os membros do povo de Deus agradeçam o Senhor, do qual provém todo bem, pelo dom da vida consagrada, valorizando-a de maneira conveniente. A vós, queridos irmãos e irmãs consagrados, vai igualmente a minha gratidão por aquilo que sois e fazem na Igreja e no mundo. Que este seja um “tempo forte” para celebrar com toda a Igreja o dom da vossa vocação e para reavivar a vossa missão profética.
Repito-vos também hoje o que vos disse outras vezes: « “Despertai o mundo” Despertai o mundo” ». Como? Colocando Cristo no centro de vossa existência. Sendo norma fundamental de vossa vida «seguir Cristo como é ensinado no Evangelho» (Perfectae caritatis, 2), a vida consagrada consiste essencialmente na adesão pessoal a Ele. Busquem, queridos consagrados, Cristo constantemente, busquem a sua Face, que Ele ocupe o centro de vossa vida de modo a serem transformadas em «memória viva do modo de existir e de agir de Jesus, como Verbo Encarnado diante do Pai e diante dos irmãos » (Vida consagrada, 22). Como o apóstolo Paulo, deixai-vos conquistar por Ele, assumam os seus sentimentos e a sua forma de vida (cfr ibid., 18); deixai-vos tocar pela sua mão, conduzir pela sua voz, apoiar pela sua graça (cfr ibid., 40).
E com Cristo, partam sempre do Evangelho. Assumam-no como forma de vida e traduzam-no em gestos quotidianos marcados pela simplicidade e pela coerência, superando assim a tentação de transformá-lo em uma ideologia. O Evangelho conservará jovem a vossa vida e missão, e as tornará atuais e atraentes. Que o Evangelho seja o terreno sólido onde avançar com coragem. Chamados a ser «exegeses vivas» do Evangelho, seja este, queridos consagrados, o fundamento e a referência última de vossa vida e missão. Saiam de vossos aconchegos em direção às periferias do homem e da mulher de hoje! Por isto, deixai-vos encontrar por Cristo. O encontro com Ele vos impelirá ao encontro com os outros e vos levará em direção aos mais necessitados, aos mais pobres. Ides às periferias que aguardam a luz do Evangelho (cf. Evangelii gaudium, 20). Habitem as fronteiras. Isto vos exigirá vigilância para descobrir as novidades do Espírito; lucidez para reconhecer a complexidade das novas fronteiras; discernimento para identificar os limites e a maneira adequada de proceder; e imersão na realizade, “tocando a carne sofredora de Cristo no povo” (ibid.,24).
Queridos irmãos e irmãs: diante de vós se apresentam muitos desafios, mas eles existem para serem superados. “Sejamos realistas, mas sem perder a alegria, a audácia e a dedicação plena de esperança! Não deixemos que nos roubem a força missionária” (ibid., 109).
Que Maria, mulher em contemplação do mistério de Deus no mundo e na história, mãe diligente em ajudar com prontidão os outros (cfr Lc 1, 39) e por isto modelo de todo discípulo missionário, nos acompanhe neste Ano da Vida Consagrada que colocamos sob seu olhar materno.
A todos vocês participantes da Vigília de Oração na Santa Maria Maior e a todos os consagrados e as consagradas, concedo de coração a minha Bênção e vos peço, por favor, para rezarem por mim.
Que o Senhor vos abençoe e Nossa Senhora vos guarde”.
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4291, ano 84/53, de 2 de dezembro de 2014
RUMO CERTO | Editorial Voz de Lamego | 2 de dezembro
A chegar às mãos, a edição do jornal diocesano, Voz de Lamego, a primeira deste mês de dezembro, deste mês que nos conduz à celebração festiva do Natal, nascimento de Jesus Cristo, Deus connosco.
O destaque de primeira página vai para a presença do Papa Francisco em Estrasburgo, o Parlamento Europeu, notícia desenvolvida nas páginas centrais, e para a CAMPANHA CÁRITAS, 10 Milhões de Estrelas, um Gesto pela Paz.
Mas o jornal faz-se de muitas outras notícias, com alguns movimentos eclesiais em ação, o Apostolado de Oração, o SDPJ, o Pré-Seminário, o MMF; bem assim como as atividades das paróquias e da Diocese, eventos da região, e os artigos de opinião/reflexão.
Ambientando esta edição, o Editorial do Pe. Joaquim Dionísio, Diretor da Voz de Lamego:
RUMO CERTO
Um automobilista entrou na auto-estrada em contramão sem se aperceber do facto e seguiu viagem, sem dar importância às luzes e buzinadelas dos que com ele se cruzavam. Minutos depois, pela rádio, o locutor avisa que em determinada estrada – a mesma onde, impávido e sereno, seguia o nosso condutor – um carro seguia em contramão. E logo o nosso amigo desabafava: “se fosse só um!”
Apesar de ser o único a circular assim, não é capaz de equacionar uma eventual falha pessoal e reconhecer o erro. Pelo contrário, cheio de presunção, não tem dúvidas do rumo que segue e ainda ousa denunciar os outros. Nem se dá conta que, naquela direcção, se afasta cada vez mais da meta pretendida.
Às vezes comportamo-nos como este condutor incauto e teimamos em ser os únicos a avançar na direcção certa, não reconhecendo sinais, avisos ou conselhos que nos enviam e mostrando, até, desagrado quando nos contrariam.
O advento, sendo tempo de espera atenta e activa, é também oportunidade para avançar, na certeza de que a vida está sempre adiante. E nem sempre o ceder, o inverter ou o alterar da marcha e do ritmo é prova de fraqueza ou sinónimo de perda de tempo.
Por isso se repete o apelo “vigiai”. Não para apurar o olhar denunciador sobre os outros, mas para acertar o próprio rumo, caso seja necessário.
E reconhecer que se pode melhorar ou confessar que não se está no melhor caminho, é próprio de quem não se julga o maior ou se tem como ponto de referência. Custa, mas consegue-se!
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4291, ano 84/53, de 2 de dezembro de 2014