SANTIDADE E LIBERDADE | Editorial Voz de Lamego | 4 de novembro
Um dos temas de fundo desta edição da Voz de Lamego, de 4 de novembro, e destaque de primeira página, é a Família, com entrevista ao responsável da Comissão Diocesana da Família, Pe. Carlos Lopes. Porém, e, como já nos habitou, o Jornal da Diocese traz até nós um conjunto de reflexões, sobre a vida, a felicidade, as comunicações sociais, a Igreja, o mundo atual… Sendo um semanário regionalista e que abrange o território da Diocese de Lamego, notícias do que vai acontecendo ou do que vai acontecer, em diferentes lugares, com acontecimentos variados, como o Encerramento do Serviço Serviço de Atendimento Permanente (SAP), no Centro de Saúde de Resende, e a consequente e urgente contestação; a formação de catequistas para o próximo sábado, no Seminário Maior de Lamego; iniciativas no projeto + Ser; Tarouca em promoção do Aeroporto Sá Carneiro no Porto; balanço da festa da castanha, em Armamar; os Forais de Sernancelhe; e muitos outros motivos de interesse na região e na diocese.
Como habitualmente, sugerimos que a leitura se inicie com o EDITORIAL proposto pelo Diretor do Jornal, Pe. Joaquim Dionísio, esta semana relacionando a santidade e a liberdade:
SANTIDADE E LIBERDADE
Afirmar que a santidade é fruto da liberdade pode incomodar quem vê a santidade como negação de si mesmo para agradar ao Outro e contempla a liberdade como o direito de fazer e dizer sem depender de ninguém. Nesse sentido, a liberdade será entendida como ausência de obrigações e responsabilidades, isto é, uma liberdade de. Tal liberdade facilmente resvala para a libertinagem.
A liberdade de que aqui se fala, condição fundamental para a santidade, é a liberdade de quem sabe que aos direitos correspondem deveres: cidadania, fraternidade, responsabilidade social… Trata-se, então, de uma liberdade para.
A liberdade concretiza-se na vida de todos os dias, nas relações humanas, correndo riscos, assumindo limites, valores e princípios. A sua falta faz-nos pensar na escravidão ou na impossibilidade de movimentos ou da livre expressão, tal como escreveu Dostoiévsky: “Quando ouço gritar ‘liberdade’ venho à janela ver quem vai preso”.
Para o cristão, a liberdade é dom que Deus dá ao homem para lhe permitir caminhar no amor. Uma presença que não oprime, esmaga ou destrói a subjectividade. Por isso, Paulo escreve: “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”. Fomos libertos para sermos livres. E é esta liberdade que deve ser santificada diariamente. Como? Assumindo-a com responsabilidade.
A liberdade assume-se, plenamente, como obediência, como disponibilidade para seguir fazendo o bem. Quanto mais praticamos o bem, concretizando o amor, mais livres somos. Por isso, Lutero, que tanto se preocupou com a questão da liberdade, é capaz de exclamar: “o cristão é um ser absolutamente livre e a ninguém sujeito; o cristão é servo de tudo e a todos sujeito”.
Jesus é a expressão máxima do homem livre que obedece, porque ama.
in VOZ DE LAMEGO, n.º 4287, ano 84/49, de 4 de novembro de 2014.