Novo Ano Pastoral | Ide e construí com mais amor a família de Deus
No passado sábado, 27 de Setembro, o nosso Seminário acolheu mais de duas centenas de agentes pastorais para a abertura do novo ano pastoral, num encontro presidido pelo nosso bispo, D. António Couto. Tal apresentação acontecia, habitualmente, no Dia da Igreja Diocesana, na Solenidade de Cristo Rei do Universo, com o ano pastoral já em andamento. Este ano, a antecipação permitirá às paróquias organizarem-se tendo como referência a Carta Pastoral de D. António, bem como atentar às data já previstas na calendarização a fixar.
Apesar de estarmos em plena época de colheitas, ver tantos baptizados empenhados na edificação da Igreja foi motivo de alegria e de confiança. Alegria porque tal presença é sinónimo de vitalidade nas nossas comunidades; confiança porque tamanha disponibilidade faz-nos olhar para diante com esperança. E temos a certeza de que muitos mais estão motivados para participar e para marcar criativa e fielmente este nosso tempo.
Na saudação inicial e congratulando-se com a presença de todos, D. António Couto começou por fazer referência ao encontro de irmãos em Cristo, porque “nós vivemos da afirmação da presença de Cristo no meio de nós”. Apesar de, às vezes, nos esquecermos disso, a verdade é que “temos que sentir a presença de Cristo para O mostrar aos irmãos”. Comparando a assembleia reunida e atenta ao fermento que vai ajudar a levedar a massa, sublinhou também o facto de estarmos reunidos enquanto “família diocesana” convocada por Deus.
O plano não faz tudo
O Plano marca o ritmo da diocese, apresentando oportunas sugestões e possíveis iniciativas. Mas não é o mais importante. Porque, por mais minucioso ou bem fundamentado que esteja, um plano só fará sentido e poderá ser uma ajuda se “o coração de cada um estiver habitado pelo Espírito de Deus. Dito de outra maneira, todos os planos estão a mais quando Deus não está no nosso coração”, alertou o nosso bispo.
O instrumento agora difundido tem como finalidade motivar todos para a missão comum que é a de edificar a Igreja, sem nunca esquecermos que “em primeiro lugar está o plano missionário de chegar a todos”. Por isso, o Plano é como os andaimes numa obra: ajudam a que o trabalho seja feito, mas retiram-se quando a tarefa termina, porque o importante é a obra.
Ide: Igreja em saída
O nosso Plano tem como mote “Ide e construi com mais amor a família de Deus”, apresentando alguma semelhança verbal com o do ano passado.
A este propósito, D. António Couto, sublinhou a importância do “ide”, recordação constante das últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, quando os enviou ao encontro de todos para anunciar, ensinar, curar, edificar a Igreja.
Tal como no-lo recorda o Papa Francisco, a Igreja não pode descansar, mas deve estar em permanente saída para encontrar o mundo, a vida, o homem. Por isso é importante tal verbo, na medida em que nos recorda que “não podemos ficar aqui”.
Na mesma tónica, o pastor diocesano desafiou todos a serem imitadores “itinerantes” de Jesus que se deslocava de cidade em cidade para encontrar, ao contrário de João Baptista, que protagonizou uma “pastoral de estaca”, ou seja, de alguém que permaneceu quieto e esperou a vinda dos interessados em ouvi-lo e serem baptizados.
Por outro lado, o título faz também referência à família, o que demonstra a vontade da diocese em estar em comunhão com a Igreja universal, ocupada e preocupada com a realidade familiar.
Em seguida, D. António Couto percorreu o texto da Carta Pastoral que escreveu e norteia todo o plano referido, comentando detalhadamente algumas passagens, que não dispensam a leitura integral da mesma.
Convocados e enviados
Após um breve intervalo, o Coordenador da Pastoral diocesana, Cón. José Manuel Melo, apresentou a calendarização proposta. A leitura comentada de algumas passagens permitiu a todos uma melhor compreensão das metas, bem como dos possíveis e comuns percursos.
O encontro continuou depois com a cerimónia do envio em missão. Porque, em Igreja, ser convocado tem como consequência ser enviado. E foi isso que sentiram todos os que vieram dos diversos cantos da diocese.
Uma cerimónia singela, iniciada com a leitura de uma passagem evangélica, a que se seguiu um comentário do nosso bispo. Nesse momento, D. António Couto não deixou de dizer a todos que “o Evangelho é explosivo” e que a mudança esperada no noutro e no mundo começa sempre por uma decisão de mudança pessoal. A este propósito, apresentou o exemplo de S. Francisco de Assis que, voluntariamente desprendido de tudo, revolucionou toda uma época. E concluiu com uma interrogação já proferida aquando da sua participação no último Sínodo: “Porque será que os santos se esforçaram tanto, e com tanta alegria, por ser pobres e humildes, e nós nos esforçamos tanto, e com tristeza, por ser ricos e importantes?”
in VOZ DE LAMEGO, 30 de setembro de 2014, n.º 4382, ano 84/44