Arquivo
D. ANTÓNIO COUTO em Penedono, na Romaria de SANTA EUFÉMIA
O nosso bispo, D. António Couto, presidiu à Eucaristia da festa, vivida no dia 16 de Setembro, data em que Santa Eufémia foi martirizada. A celebração decorreu na capela do santuário, uma vez que a chuva e o vento não permitiram a utilização da grande esplanada existente ali perto. No final da Missa do dia 16, uma entreaberta permitiu que a procissão se realizasse, para alegria de todos.
Na homilia, partindo dos textos bíblicos do comum dos mártires e fazendo alusão ao tempo menos soalheiro que se fazia sentir, D. António Couto convidou toda a assembleia a “saber ler nos tempos que Deus dá, o amor, o carinho e a dádiva”; também através das gotas da chuva. E a todos lembrou que “as peregrinações são importantes porque nos fazem andar, encontrar e ver o amor de Deus por detrás de tudo. Peregrinar implica saber que somos frágeis, feitos de barro. E a beleza da nossa vida é a nossa fragilidade… Somos vasos de barro que adoecem, sofrem, são amados, morrem. Mas é uma maravilha, um milagre contínuo, contemplar o amor de Deus em nós e à nossa volta. Importa saber ver e ler. É uma graça, juntos, descobrirmos que somos próximos, irmãos. Peregrinar enriquece-nos porque encontramos os outros e a natureza, que nos mostram as maravilhas de Deus”.
Depois falou-nos de Santa Eufémia, para caracterizar a sua vida como justa e frágil, de alguém que se expôs por causa da sua fé e que foi martirizada por causa dos maus sentimentos dos seus contemporâneos. E dizer “mártir” é sinónimo de “testemunha”.
A este propósito, o nosso bispo, falou da testemunha como sendo “alguém que se compromete”, alguém que atesta sobre os acontecimentos, as palavras, a cruz e a ressurreição de Jesus. Dito de outra maneira, “alguém envolvido na história de Jesus”. E este estar comprometido e envolvido tem como consequência uma prática que se assume e protagoniza: “o discípulo de Jesus, a testemunha que com Ele se compromete, tem que testemunhar, onde quer que se encontre, o perdão, o amor, a ternura, a paz e a misericórdia de Jesus”. Deixar-se envolver é muito mais do que saber que algo aconteceu, é “viver a história de Jesus”. Por isso, o mártir é “a testemunha de uma história que não é a sua”, mas é comprometer-se com essa história para a tornar presente e visível nas circunstâncias em que se vive. Sta. Eufémia foi até ao fim, mostrando ao nosso tempo e a todos os peregrinos que é possível, “com coragem, alegria e bondade seguir Jesus”.
Por fim, convidou todos os fiéis a tornarem-se “cristãos apaixonados” para que “Cristo esteja sempre presente” e para que “ninguém nos seja indiferente”. Porque um “cristão apaixonado” está para lá do mero cristão praticante ou não praticante; é alguém que faz a diferença com a sua vida, discípulo consciente e responsável que anuncia Cristo pela forma de ser e de estar, sempre. E, neste peregrinar, Sta. Eufémia “ensina-nos a dizer e a fazer bem”.
in VOZ DE LAMEGO, 23 de setembro de 2014, n.º 4380, ano 84/43