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LITURGIA: adaptações infelizes nos cantos da celebração
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Brincar com qualquer coisa, um texto, uma canção, um desenho…só para ridicularizar uma situação, ignorando ou pondo de lado a razão pela qual o texto, essa canção ou esse desenho foram criados, adulterando o seu sentido original, é procurar um efeito negativo.
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A liturgia não aceita “brincadeiras”, isto é, não precisa de usar uma música qualquer popular ou que passa na rádio, dando-lhe um novo sentido, um novo texto para se poder usar nas celebrações de fé. É preferível dar largas à inspiração original do Espírito Santo e às capacidades criativas para compor novas melodias.
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A razão é óbvia: quando escutamos uma música chamada “comercial” desta ou daquela canção, o nosso interior une-se de forma inconsciente a contextos, situações e ambientes que podem não estar de acordo com aquilo que celebramos. Por exemplo, circula em muitos grupos juvenis um “Pai nosso” muito apreciado e repetido, composto originalmente por Paul Simon e Art Garfunkel – “The sound of silence”. É certamente uma bela melodia dos anos 60 (1965). Comercialmente foi um êxito. Porém, nada tem a ver com a liturgia (o texto fala da escuridão, dos sonhos esquecidos, do vaguear da noite e do “som do silêncio”), muito menos com o “Pai nosso”.
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Como este exemplo há mais, pois durante um certo tempo foi corrente esta adaptação de músicas à liturgia (é importante respeitar os “direitos de autor”). Um outro cântico muito usado e que se repete tanto nas nossas assembleias é: “Ao teu altar nós levamos, Senhor”, de Bob Dylan… E ainda um outro, que dizem ser um cântico para o momento da Paz, “Ah bumbué”, adaptado do filme “O Rei Leão”!
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Se a nossa missão como músicos na liturgia é favorecer o encontro com o Senhor nas celebrações… uma brincadeira nada favorece. Por isso, é preciso irradiá-las da liturgia.
Pe. Marcos Alvim
Departamento Diocesano de Música Sacra
in VOZ DE LAMEGO, 16 de setembro de 2014, n.º 4280, ano 84/42