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ROSTOS – o Tio Malhadinhas
Na mais recente edição da Voz de Lamego, uma das leituras que prende a nossa atenção, esta história que se passou em Fráguas, contada pelo seu pároco, Pe. José Justino Lopes, sobre o Tio António Malhadinhas, que morreu num incêndio há muitos anos atrás.
Curiosamente, na mesma página do jornal, página 6, a comemoração dos 80 anos dos Bombeiros Voluntários de V. N. Foz Côa. Isto por falar em incêndios e no trabalho dedicado de muitas gerações de Bombeiros.
Vamos à história, narrada pelo reverendo Pe. Justino:
Não, não era, nem familiar do célebre Malhadinhas, também de nome ‘António’ mas ‘da Rocha Malhada’, natural de Barrelas e tão bem romanceado pelo mestre Aquilino. O tio António ‘Malhadinhas’ de Fráguas estava registado com o nome de António da Costa Morgado. ‘Malhadinhas’ era uma alcunha que ele assumia, alegremente, e que herdara de seu pai. Por ser natural do lugar da Malhada da vila de Mões e casar em Fráguas foi, logo, ‘crismado’ de ‘Malhadinhas’ pelos “Carapuças” que, em alcunhas, são uns pimpões. Têm o guerrilha, o pardal, o missas, o joia, o botelho, o bicho, o alfaiate, o peras, o carolino, o figueira, a carriça como tiveram o catulas, o vermelho, o migalhas etc. O tio António não sabia donde lhe viera o sobrenome “da Costa Morgado” pois seus pais chamavam-se Manuel Rodrigues Pinto e Antónia Martins. ‘Costa’ era o sobrenome do padrinho, e ‘Morgado’? Mas… deixemos essa troca de nomes, muito comum naqueles tempos.
Era de baixa estatura mas os homens não se medem aos palmos. Medem-se, como dizia o meu vice-reitor, mais tarde bispo de Bragança-Miranda, ao pulso e explicava – medem-se pela sua dignidade, honestidade, seriedade, sentido de justiça, de retidão, de respeito pelos outros e cumpridor dos ‘Mandamentos da Lei de Deus’. Essas qualidades possuía-as, manifestava-as no seu dia- a- dia e ensinara-as aos filhos.
Trôpego das pernas devido às molhadelas que a vida trabalhosa e dura do campo lhe deu; sorriso a fugir para o triste talvez pela falta da sua “cara- metade” que Deus levara muitos anos antes. Geraram uma novena de filhos respeitadores e respeitados que souberam fazer cadeado circular à volta do pai – ficou-me a imagem na retina – quando a mãe faltou. Ler mais…